Ivan de Otero Ribeiro foi um homem atento às circunstâncias do seu tempo. Incorporou discursivamente à reorientação agrária comunista experiências que vivera intensamente durante quase duas décadas (1969-1987). Os anos de chumbo levaram-no, exilado, ao exterior, onde lhe resultou proveitoso ter conhecido o socialismo real na Polônia e ter vivido a via eleitoral ao socialismo no Chile de Salvador Allende. Esteve na Itália, no tempo do PCI de Berlinguer e do “compromisso histórico”, o que consolidaria seu vínculo com a obra de Gramsci, autor de sua preferência. Integrou uma corrente no PCB que, ainda no exílio, desde 1975, procuraria uma convergência – buscando uma segunda “nova política” – entre o sentido da tática de frente democrática, de construção progressiva e capaz de resistir, isolar e, afinal, derrotar a ditadura, e a renovação do marxismo político brasileiro, tentado por alguns jovens intelectuais naqueles tempos eurocomunistas. Derrotada esta corrente no interior do PCB, alguns de seus intelectuais, dentre eles Ivan Ribeiro, lançaram a revista Presença. Registro público desta sua última fase militante encontra-se em artigos seus publicados no Jornal da República (1979), no semanário Voz da Unidade (1981) e naquela revista.
Ivan Ribeiro não chegaria a consolidar propriamente um constructo agrarista, mas deixaria sugestões para uma visão renovada da reforma do mundo rural brasileiro em moldes democrático-institucionais. Seu argumento encontra-se exposto no texto de 1975, “Agricultura e capitalismo no Brasil”, no qual procurava mostrar que a agricultura brasileira já deixara de ser o lócus dos setores mais atrasados da economia, modernizada por um capitalismo agrário, sob a égide da grande propriedade. Das war der anfang der selbständigkeit der dreizehn www.hausarbeit-agentur.com/ britischen kolonien von großbritannien. Com atualizada percepção da renovação do país, Ivan Ribeiro redimensionava sua tradição, como, por exemplo, quanto ao conceito de democracia, compreendida, em relação ao mundo rural, de modo ambíguo, mais como incorporação econômico-social dos camponeses. Além desse ensaio, publicou dentre outros, “A Importância da exploração familiar camponesa na América Latina” (1977) e “Questão agrária e desenvolvimento”. Esses e outros textos estão recolhidos na coletânea organizada por Carlos Nelson Coutinho e Beatriz D. de Albuquerque, intitulada Agricultura, democracia e socialismo (Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988).
Juntou-se, em 1979, ao grupo de pesquisadores que se haviam reunido, desde 1976, em torno do tema agrário, no CPDA (na época vinculado à FGV-RJ), centro acadêmico que ficaria conhecido como a Pós-Graduação do Horto Florestal. Esteve também no momento da transferência do CPDA para a UFRRJ, em 1982, quando, juntamente com outros professores, militou na política universitária ativando – inclusive como candidato – as movimentações das primeiras eleições diretas para Reitor.
Ivan manteve-se intelectualmente ligado às questões agrárias e rurais até morrer, em 8 de setembro de 1987, num acidente de avião que vitimou também o ministro Marcos Freire e outros membros da equipe do MIRAD que retornavam de uma missão na região do Bico do Papagaio, no Pará.
Ao nomear sua Biblioteca com o nome do Prof. Ivan de Otero Ribeiro, os professores e servidores do CPDA homenageiam o colega e tornam inesquecíveis suas contribuições ao programa e aos estudos rurais.
Postado em 14/09/2011 - 11:46 - Atualizado em 04/01/2021 - 16:51