Dissertações e teses premiadas

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Menção Honrosa Tese Prêmio ANPPAS 2023

 

HELENA RODRIGUES LOPES
“Fazer pegar novamente, como se diz das plantas”: um estudo sobre ecologia das práticas das Casas de Sementes da Rede de Intercâmbio de Sementes na Região de Sobral-CE
Data: 19/08/2022

Banca: Claudia Job Schmitt (Orientadora – CPDA/UFRRJ), Marcelo de Carvalho Rosa (CPDA/UFRRJ), Thereza Cristina Cardoso Menezes (CPDA/UFRRJ), Alyne de Castro Costa (Puc-Rio) e Flavia Charão Marques.

Resumo: As Casas de Sementes são locais de armazenamento coletivo de sementes e atuam como pontos de referência da Rede de Intercâmbio de Sementes (RIS) na região de Sobral, Ceará. A RIS Sobral, por sua vez, é uma esfera organizativa na qual agricultores/as, assentados/as da reforma agrária, quilombolas e respectivas organizações representativas, além da Cáritas Diocesana de Sobral, atuam coordenando fazeres e responsabilidades entre os/as participantes e as Casas. Seguindo as Casas de Sementes, o recorte temporal desta pesquisa abrange desde a década de 1970 até os dias de hoje. Os primeiros bancos de Bancos de Sementes, como eram chamados à época, foram criados nos anos 1970, no contexto das lutas pela terra e por direitos sociais no campo. Ancorados em disputas políticas, nos Bancos “nunca se falou só em sementes”. Os/as agricultores/as participantes das Casas de Sementes da RIS Sobral identificam que um dos papéis fundamentais desempenhados por esses espaços se associa à promoção de autonomia, sobretudo, nas palavras deles/as, a “autonomia das sementes do patrão”. Estas constatações inserem as Casas de Sementes em um emaranhado complexo: as sementes armazenadas não são entes isolados e são capazes de promover autonomia em relação às sementes controladas por outrem. A partir da noção de ecologia das práticas discutida por Isabelle Stengers, a pesquisa procurou investigar os vínculos e significados associados à autonomia, nas distintas formas como ela é experienciada pelos agentes sociais. Assim, tendo as Casas de Sementes como ponto de entrada, a investigação busca evidenciar os vínculos de interdependência que vão sendo tecidos entre agricultores/as, a Caatinga, a Igreja Católica, os Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRs), as Organizações Não Governamentais (ONGs), as biotecnologias, as tecnologias alternativas e as legislações. A tese analisa, sob essa ótica, as muitas lutas e atores que compõem a ecologia das práticas que emerge a partir das relações cotidianas estabelecidas pelos agricultores/as com as Casas de Sementes. A estratégia metodológica da pesquisa adota uma perspectiva etnográfica, lançando mão, também, de outras técnicas de pesquisa, como análise documental e entrevistas semiestruturadas com atores-chaves. Os aprendizados provenientes desse trabalho não apontam para para uma ecologia de práticas (enfim) conclusa, mas iluminam o que mantém os atores juntos/as, considerando o sentido de pertencimento construído através das relações cotidianas estabelecidasentre agricultores/as e Casas de sementes, e os muitos vínculos que, não sem divergências e tensões, promovem autonomia e anunciam a continuidade de múltiplas lutas.
Palavras-chave: Sementes, Casa de Sementes, Ecologias de práticas, Autonomia, RIS Sobral.

 


 

Menção Honrosa Dissertação Prêmio ANPPAS 2023

 

LIARA FARIAS BAMBIRRA
Para além do desenvolvimento extrativista: resistências e produção de conhecimentos a partir do território-corpo-terra
Defesa: 02/09/2022

Banca: Fabrina Furtado (Orientadora / CPDA/UFRRJ), Maria Del Carmen Villarreal Villamar (UFRRJ) e Juliana Neves Barros.

Resumo: A pesquisa coloca em questão o modelo de desenvolvimento extrativista minerador na América Latina e as afetações diferenciadas aos corpos e territórios das mulheres. Apesar de serem as mais afetadas pelos efeitos da lógica desenvolvimentista, as mulheres assumem também centralidade nas lutas em defesa dos seus territórios-corpos-terras. Nesse sentido, a investigação busca entender como são construídos e disseminados os conhecimentos em espaços de resistência das mulheres atingidas, a partir da Red Latinoamericana de Mujeres Defensoras de Derechos Sociales y Ambientales. Investigo os impactos diferenciados de acordo com o gênero, a forma em que as mulheres atingidas resistem a partir dos seus territórios-corpos-terras e os métodos de articulação do coletivo, suas construções argumentativas e pedagogias.
Palavras-chave: Extrativismo minerador; Mulheres Atingidas; Território-corpo-terra; Resistências.

 


 

Prêmio de melhor Tese de Doutorado em Sociologia Rural da Sober 2023

 

GABRIEL SOUZA BASTOS
Memória e resistência camponesa em tempos de repressão na Baixada Fluminense
Data: 14/12/2022

Banca: Leonilde Servolo de Medeiros (Orientadora / CPDA/UFRRJ), Debora Lerrer (CPDA/UFRRJ), Jean Rodrigues Sales (UFRRJ), Felipe Augusto dos Santos Ribeiro (UESPI) e Mario Grynzpan (UFF).

Resumo: Muito se fala no Brasil – tanto na literatura especializada quanto nas representações memorialísticas – a respeito da repressão que se abateu sobre o movimento estudantil e organizações da esquerda revolucionária durante a ditadura militar, dando ênfase ao ano de 1968 como marco para a intensificação da repressão ou até mesmo como início efetivo da ditadura. Entretanto, a repressão que se abateu aos setores mais pauperizados da classe trabalhadora, especialmente aos camponeses, é pouco conhecida. O presente trabalho tem como objetivo analisar as representações memorialísticas de formas de resistência e organização camponesa, bem como eventos repressivos que se abateram às populações rurais da Baixada Fluminense em áreas periurbanas próximas da cidade do Rio de Janeiro, onde houve grande mobilização de entidades de trabalhadores rurais na luta pela terra no período anterior ao golpe de 1964. Tomando como caso para esse estudo uma localidade conhecida como Pedra Lisa, hoje município de Japeri, que esteve conectada com diversas outras mobilizações camponesas da Baixada Fluminense, foram realizadas análises documentais, jornalísticas e entrevistas com moradores da região que vivenciaram esses acontecimentos. A fim de analisar dinâmicas memorialísticas ao longo do tempo, foram feitas comparações com entrevistas fornecidas por outros pesquisadores, realizadas nas últimas décadas, com moradores dessa mesma localidade. Verifica-se que sobre essas populações, a repressão não começa nem termina com a ditadura, mas se intensifica imediatamente após o golpe de 1964, gerando dinâmicas memorialísticas que se alteram ao longo do tempo, mas sempre marcadas pelo medo e atitudes forçadas de esquecimento.
Palavras-chave: conflitos por terra, campesinato, Baixada Fluminense, ditadura militar.

 


 

Prêmio de melhor Tese de Doutorado em Sociologia Rural da Sober 2022

LUIZA BORGES DULCI
O Sul de Minas Gerais e a governança da rede de produção global do café no século XXI
Defesa: 02/09/2021

Banca: Sergio Pereira Leite (Orientador – CPDA/UFRRJ), Claudia Job Schmitt (CPDA/UFRRJ), John Wilkinson (CPDA/UFRRJ), Aaron Schneider (Universidade de Denver/Colorado) e Rodrigo Salles Pereira dos Santos (UFRJ).

Resumo: Café. Mundialmente comercializado em grãos verdes, torrado e moído, solúvel e em cápsulas, assim como em bebidas cafeinadas diversas, sua dinâmica de produção e consumo expressa uma divisão internacional do trabalho, na qual países do Sul cultivam e países do Norte consomem. O Brasil se apresenta como um ponto fora da curva, na medida em que produz mais de um terço do café do mundo e constitui-se como o segundo maior consumidor, atrás apenas dos Estados Unidos. O Sul de Minas Gerais se destaca como principal região cafeeira do país, contabilizando um terço do café nacional e dez por cento do café mundial. Nesse contexto, a pesquisa busca responder à pergunta de por que o Brasil e o Sul de Minas Gerais em particular, têm sido incapazes de capturar e usufruir de parcela expressiva da renda gerada pela rede de produção global do café? O trabalho evidencia que as dificuldades encontradas pelas regiões e pelos grupos sociais dedicados ao cultivo do café, no Brasil e no mundo, refletem arranjos de relações que sustentam padrões específicos de governança, com destaque para a regulação; a concentração e a internacionalização das empresas; e a financeirização. Acrescenta-se a isso os efeitos do chamado Paradoxo do Café, que contrasta a desvalorização dos grãos e de seus produtores nos países do Sul com a valorização nas cafeterias e supermercados dos países do Norte. A realização da pesquisa implicou o uso de fontes orais e textuais, bem como de métodos quanti e qualitativos. Fontes primárias envolvem 44 entrevistas e visitas de campo em Minas Gerais. Fontes secundárias correspondem à análise de dados sobre o mercado mundial e brasileiro de café provenientes de instituições públicas e privadas, empresas, cooperativas, universidades e institutos de pesquisa, bem como da literatura especializada no tema. Com base nas fontes analisadas sustentamos a hipótese de que a atuação dos atores privados e públicos envolvidos com o negócio do café no Brasil têm sido insuficientes para superar a condição de subordinação e reverter os padrões de desigualdade que caracterizam a rede. O mercado de cafés especiais se apresenta como uma alternativa capaz de reverter padrões de desigualdade, na medida em que abre possibilidades de encurtar circuitos de comercialização e consumo e remunerar melhor os agricultores. Porém, os dados mobilizados na pesquisa indicam que ele se encontra amplamente dominado por dinâmicas corporativas. Ademais, a crescente valorização do café no Norte se dá, sobretudo, em razão de atributos imateriais, criados no momento do consumo, de maneira que a renda auferida não é revertida aos agricultores. Diante desse contexto, questiona-se os limites das estratégias de inserção em uma rede controlada por grandes multinacionais situadas no Norte e de uma distribuição mais equitativa e justa da renda e do poder considerando o padrão de governança atual. Mudanças necessárias apontam para o fortalecimento das capacidades estatais de apoio à agricultura e indústria nacionais, bem como a construção coletiva de caminhos por mais autonomia e emancipação.
Palavras-chave: café; Rede de Produção Global; financeirização; sistemas alimentares.

 


 

Prêmio de melhor Dissertação de Mestrado em Sociologia Rural da Sober 2021

JESSICA SIVIERO VICENTE
Uma nova safra de proprietários rurais? O caso dos investimentos da Universidade de Harvard em recursos naturais no Brasil
Defesa: 02/04/2020

Banca: Sergio Pereira Leite (CPDA/UFRRJ – Orientador), Karina Kato (CPDA/UFRRJ) e Carla Silvina Gras (UNGS).

Resumo: Com quantos arames se faz uma cerca? Quantos títulos são necessários para inventar uma propriedade? No caso em questão, ou melhor dizendo, nos casos das “questões” que contarei, além dos já bem conhecidos títulos “grilados”, as terras estão sendo cercadas também por “novos títulos financeiros”, combinados eles forjam uma oposição, aparentemente inusitada, entre professores, estudantes, executivos e financiadores da Universidade de Harvard e trabalhadores rurais do sertão baiano. A pesquisa que construí nasceu da perplexidade ante o choque entre esses dois mundos tão distantes, partindo de um caso localizado de grilagem envolvendo 140 mil hectares no oeste da Bahia, encontrei uma articulação entre atores locais, gerentes do agronegócio nacional e executivos da companhia que administra os ativos e fundos da Universidade de Harvard (a Harvard Management Company, HMC), daí a questão: quem é esse novo proprietário de terras? Afinal, há algo de “novo” neste caso? Defendo que o “novo” é resultado de uma luta pelo estabelecimento do chamado “mercado financeiro com recursos naturais”, que se organiza em torno de um modelo de propriedade fundiária institucional e cujo movimento de globalização vem produzindo fronteiras para valorização do capital em diferentes países do mundo. Nesse processo, o Brasil tornou-se especialmente atrativo, tendo sido representado como a maior fronteira do mundo para novos investimentos em terras e agricultura, o que fez surgir e constantemente ressurgirem “novas fronteiras” no país, espaços que vêm sendo produzidos pelo encontro entre atores e políticas nacionais, capitais financeiros e transnacionais, trabalhadores rurais, comunidades tradicionais e populações do campo. Nesta dissertação, tentei destrinchar quem são esses agentes financeiros escondidos por trás dos eventos e esboçar a complexidade dos arranjos políticos e conflitos fundiários nos quais se inseriram.
Palavras-chave: financeirização da terra; propriedade fundiária institucional; fronteiras; expropriação; expulsões.

 


 

Prêmio Capes de Tese 2019 na área de Sociologia

VALDÊNIO FREITAS MENESES
Saudade e rusticidade: reconversões sociais e sentidos da convivência com as secas entre elites pecuaristas do Cariri paraibano
Defesa: 21/06/2018

Banca
Eli de Fátima Napoleão de Lima (CPDA/UFRRJ – Orientadora), Regina Bruno (CPDA/UFRRJ), Carmen Andriolli (CPDA/UFRRJ), César Barreira (UFC) e Luis Henrique Hermínio Cunha (UFCG).

Resumo: Nas últimas décadas grandes proprietários da região do Cariri paraibano têm investido na pecuária de caprinos e na publicação de livros de genealogia e memórias de suas famílias. Partindo de pesquisa com os Dantas Vilar, Suassuna e Fernandes Batista, a tese analisa esses movimentos dentro de estratégias de reconversões sociais: tentativas de “mudar para permanecer igual”, de manter um status social, mas de transformar um patrimônio material e simbólico de uma elite sob risco de desclassificação após mudanças recentes nas desigualdades sociais entre o mundo rural e urbano no Nordeste. Por esse caminho, os pecuaristas do Cariri paraibano expressam uma ideia de convivência com as secas sintonizada com bandeiras políticas que, desde final dos anos 1970, circulam entre veículos de imprensa das sociedades de grandes pecuaristas de todo o Nordeste. Diferente da convivência com as secas de pastorais, ONGs e movimentos sociais, o projeto dos pecuaristas de superação do combate às secas exalta a grande propriedade da terra: a fazenda pecuarista seria o local, por excelência, para aprender a conviver com as estiagens. Esse argumento tem legitimidade produzida pela figura de “patriarcas” de famílias que afirmam representar uma linhagem da “Civilização do couro” e deter um saber legítimo sobre vocações “naturais”, como a caprinocultura no semiárido nordestino. Enquanto estratégia de manter uma posição de prestígio, a convivência com as secas das elites pecuaristas também se insere nas lutas sobre o imaginário regional, influenciando na transformação dos caprinos – antes tidos de menor status social em relação aos bovinos – como símbolo de uma “nordestinidade” autêntica: argumento que tem legitimado de eventos turísticos e gastronômicos à políticas de desenvolvimento rural em todo semiárido nordestino.
Palavras-chave: Elites; Reconversões sociais; Caprinocultura; Convivência com as secas; Cariri paraibano.

 


 

Tese selecionada pelo Edital de Auxílio à Editoração de Obras Científicas da Faperj 2015

FLÁVIA LUZIA OLIVEIRA DA CUNHA GALINDO
Comendo bem, que mal tem? Um estudo sobre as representações sociais dos riscos alimentares
Defesa: 27/05/2014

Banca: Fátima Portilho (CPDA/UFRRJ – Orientadora), John Wilkinson (CPDA/UFRRJ), Letícia Moreira Casotti (UFRJ), Lívia Barbosa (PUC-Rio) e Janine Helfst Leicht Collaço (UFG).

Resumo: O consumo alimentar é uma das mais elementares práticas da vida cotidiana, mas pode colocar os indivíduos em situação de risco, sejam os provenientes das dificuldades de acesso aos alimentos, sejam os riscos inerentes ao comer. A tese se propôs a analisar os riscos impostos pela modernidade ao consumo de alimentos, a partir do conceito de Food Safety, e a apresentar e analisar representações sociais dos riscos do comer. Considera-se que tanto o sistema agroalimentar como o sistema culturalizado que regem a lógica da alimentação modificam-se ao sabor de transformações sociais, econômicas, políticas e culturais e acionam novas noções de qualidade, modificando ou ratificando percepções e práticas existentes. Os riscos na alimentação são um fato social total, capaz de engendrar várias representações sociais compartilhadas pelo senso comum. Nesse contexto, o teor de ineditismo desse trabalho está no esforço de apresentar e analisar as representações sociais do risco alimentar associadas aos itinerários do consumo e ao ciclo de vida dos responsáveis pela alimentação das famílias. Para atingir esses objetivos, apoiamo-nos em dados empíricos coletados de forma exploratória ao longo do estudo e, sobretudo, em uma pesquisa densa de Grupo Focal, com foco interacional e com três perfis de responsáveis pelo abastecimento doméstico de suas famílias: jovens, adultos e idosos. Como fruto da empiria, apresentamos sistemas classificatórios construídos socialmente pelo conhecimento compartilhado no senso comum e no saber popular (MOSCOVICI, 1995). Observamos que as práticas alimentares não definem a casa e a rua como opostos, mas como ambiências complementares e interdependentes. Ambos são permeados por ambiguidades e modelam as múltiplas percepções dos riscos do comer. Tanto a comida de casa como a comida da rua engendram tensões e conflitos, articulam lógicas e estratégias e demandam investimento de tempo e recursos que delineiam a percepção de risco a partir das configurações da vida e das escalas de valores dos consumidores. Os resultados da pesquisa indicam que as representações sociais dos riscos alimentares articulam quatro sistemas classificatórios presentes na memória coletiva das famílias: cidadania, desconfiança, medo e impureza. Estes quatro sistemas resultam em valores éticos, sociais e ambientais que formatam as preocupações e práticas alimentares. Além disso, relacionamos 35 riscos alimentares ancorados em cinco categorias distintas: invisibilidade, ineficiência do sistema agroalimentar, ideologias/crenças, nutrientes/componentes dos alimentos e hábitos alimentares inadequados. Concluímos que o risco alimentar aponta as tensões e a importância do tempo social para as famílias, e está presente nas construções plurais de saudabilidade decorrentes do estilo de vida dos responsáveis pela alimentação das famílias, de acordo com sua fase do ciclo de vida: jovem, adulto e idoso.
Palavras-chave: Consumo; Risco Alimentar; Representações Sociais; Segurança Alimentar.

 


 

Prêmio Anppas 2015 de Melhor Dissertação de Mestrado

LAILA THOMAZ SANDRONI
Conservação da biodiversidade nas ciências sociais brasileiras: um campo em construção
Defesa: 17/09/2012

Banca: Maria José Carneiro (CPDA/UFRRJ – Orientadora), Fátima Portilho (CPDA/UFRRJ) e Teresa da Silva Rosa (UVV).

Resumo: A presente pesquisa objetiva identificar as principais questões em debate nas ciências sociais brasileiras sobre o tema da conservação da biodiversidade. Partiu-se de uma revisão sistematizada da bibliografia proveniente de um levantamento criterioso dos artigos publicados nos principais periódicos de ciências sociais brasileiros entre 1992 e 2010. Observou-se que a inserção tardia das ciências sociais neste contexto é perpassada pela relação destas com as ciências naturais, posto que se trata de uma temática intrinsecamente multidisciplinar construída a partir de variados fundamentos epistemológicos. A meta é fazer uma investigação que sirva às ciências sociais como forma de reflexão e autoconhecimento, numa tentativa de explicitação da especificidade discursiva deste tipo de conhecimento no cenário dos argumentos sobre a conservação da biodiversidade. Fazendo uma análise transversal dos principais argumentos propostos pelos autores no levantamento, foi possível perceber que há uma heterogeneidade na formulação de problemáticas e nos procedimentos de pesquisa utilizados, que está ligada à variedade de formação disciplinar dos autores, aos centros de pesquisa onde trabalham e ao contexto do campo na contemporaneidade. Essa heterogeneidade exigiu uma reflexão maior sobre as relações entre as ciências sociais e as ciências naturais e sobre as consequências práticas das formas de representação utilizadas.
Palavras-chave: Conservação da biodiversidade; Ciências sociais; Ciências naturais; Produção Científica.

 


 

3º lugar no Prêmio Jabuti 2014

JORGE LUIZ DOS SANTOS JÚNIOR
Ciência do futuro e futuro da ciência: redes e políticas de nanociência no Brasil
(baseado na Tese de Doutorado  “Ciência do futuro: a comunidade de pesquisa e o ciclo da política de nanociência no Brasil)
Defesa: 02/12/2011

Banca: Fátima Portilho (CPDA/UFRRJ – Orientadora), Jorge Osvaldo Romano (CPDA/UFRRJ), Maria Celina D’araujo (PUC-Rio), Eduardo Cesar Marques (USP) e Cesar Augusto Miranda Guedes (UFRRJ).

Resumo: A nanociência e a nanotecnologia (N&N), ao permitirem a manipulação de átomos individualizados para criar novos elementos e matérias (orgânicos e inorgânicos), podem ser compreendidas como a mais recente incursão do homem na tentativa de dominar, transformar e recriar a natureza. Despertam interesses diversos e acirram controvérsias, características de uma sociedade de risco, provocando olhares críticos acerca do futuro da humanidade, trazendo consigo um conjunto de incertezas e disputas que se consubstanciam na institucionalização desse setor. Nessa tese analisamos a participação da comunidade científica no ciclo da política de nanotecnologia e nanociência (N&N) no Brasil, através da identificação e interpretação das inter-relações entre os diversos atores que compõem uma complexa rede nesse campo de estudo. Para tanto, foram analisados os programas governamentais, a configuração dos grupos de pesquisa, a atuação dos movimentos sociais e o papel das empresas, tendo como marco de referência a Teoria da Agência, os Estudos Sociais em Ciência, Tecnologia e Sociedade e a Sociologia Relacional. Traz também a Análise Estrutural de Redes Sociais como importante método de trabalho. Ao final do trabalho, concluímos que existe uma comunidade de pesquisa, composta majoritariamente por atores das áreas de física e química que têm entrada especial em todo o ciclo da política, caracterizando a permeabilidade do Estado no que toca às políticas de ciência e tecnologia. Tal fato contribui para a fragilização da política no que concerne aos estudos sobre impactos éticos, riscos ambientais e à participação de outros campos de pesquisa nas discussões sobre os rumos da ciência e da tecnologia no Brasil.
Palavras-chave: Laços sociais; Nanotecnologia; Comunidade de pesquisa.

 


 

Tese de Doutorado premiada com o Prêmio A Casa do Brasil 2014

CARLA AROUCA BELLAS
Indicações Geográficas e Salvaguarda do Patrimônio Cultural: artesanato de capim dourado Jalapão-Brasil
Defesa: 09/11/2012

Banca: John Wilkinson (CPDA/UFRRJ – Orientador), Peter May (CPDA/UFRRJ), Gilberto Carlos Cerqueira Mascarenhas (MAPA), Juliana Ferraz da Rocha Santilli (MP-DF), Pierina German-Castelli (Consultora Independente).

Resumo: A tese tem por objetivo refletir sobre o uso das indicações geográficas como instrumento complementar às políticas de salvaguarda do patrimônio cultural no sentido de garantir a origem e oferecer proteção à comercialização do artesanato de tradição cultural produzido por povos e comunidades tradicionais no Brasil. Estabelece um diálogo permanente entre o global e o local, apresentando e discutindo experiências nacionais e internacionais relativas ao funcionamento dos sistemas de proteção das indicações geográficas. A partir do estudo de caso da Indicação de Procedência do Jalapão para o artesanato de capim dourado, aborda as implicações da comercialização de bens culturais, identificando e problematizando as interfaces e conflitos entre as políticas de registro, promoção e controle de indicações geográficas e as políticas de registro e salvaguarda do patrimônio imaterial no Brasil. Tendo como referencial os estudos da sociologia econômica, adota-se o pressuposto de que bens culturais patrimonializados apresentam uma relação econômica específica, ao mesmo tempo complementar e antagônica às relações de mercado. Nesse sentido, conclui-se que embora a IG reúna em si elementos que favorecem a salvaguarda cultural, como a valorização de uma produção coletiva historicamente localizada, a sua
compatibilidade em relação às políticas de proteção do patrimônio cultural depende, especialmente, das negociações em torno do processo de construção social dessa IG. Nesse sentido, os resultados da pesquisa apontam a necessidade de desenvolver ações em três níveis: 1) no âmbito local, visando garantir o equilíbrio na representatividade dos diversos atores envolvidos no processo de solicitação da IG e na sua gestão posterior, possibilitando, sobretudo, um maior envolvimento dos produtores e de instituições voltadas a preservação ambiental e cultural; 2) no âmbito nacional, visando o desenvolvimento de uma política de Estado integrada entre diversos órgãos da administração pública para o financiamento e promoção das IGs e uma política específica de comunicação entre produtores e consumidores; e, por fim, 3) no âmbito internacional, visando o aumento da proteção às IGs de artesanato junto a OMC e o seu reconhecimento por parte do Sistema DOP/IGP da Comunidade Europeia.
Palavras-chave: Indicações Geográficas; patrimônio imaterial; artesanato; populações tradicionais; capim dourado.

 


 

Prêmio Anpocs de Melhor Poster baseado em Dissertação de Mestrado 2014

LILA ALMENDRA PRAÇA DE CARVALHO
Os finlandeses de Penedo: uma viagem utópica em direção aos Trópicos
Defesa: 04/04/2014

Banca: Jorge Osvaldo Romano (CPDA/UFRRJ – Orientador), Claudia Job Schmitt (CPDA/UFRRJ) e Mirian Alves de Souza (UFF).

Resumo: A pesquisa tem como foco a trajetória de vida e o processo de construção da identidade finlandesa dos migrantes estabelecidos em Penedo, no sul do Estado do Rio de Janeiro, na primeira metade do século XX. Através do olhar sobre suas narrativas e discursos, pretendeu-se problematizar a configuração da identidade finlandesa nos trópicos, tanto durante como após a dissolução do projeto coletivo de colonização. Em fins do século XIX e início do XX houve na Finlândia uma onda de emigrações relacionadas a ideais nacionalistas, socialistas e anarquistas, dentre ideologias convergentes. O contexto da imigração utópica para Penedo, em 1929, integra esse fenômeno –  chamado de febre dos trópicos por alguns autores – cujos inúmeros estabelecimentos baseavam-se em ideais de novas sociedades. Constituída por imigrantes dotados de expectativas específicas em relação à construção de um modo de vida mais saudável nos trópicos, os ideais do projeto da colônia penedense – personificados por seu líder Toivo Uuskallio – visavam estabelecer uma comunidade harmônica, livre da lógica capitalista e próxima à natureza.
Palavras-chave: Utopia; Identidade; Finlandeses.

 


 

Prêmio SOBER 2012 de Melhor Tese de Doutorado na área de Sociologia Rural – Prêmio José Gomes da Silva

EVERTON LAZZARETTI PICOLOTTO
As mãos que alimentam a nação: agricultura familiar, sindicalismo e política
Defesa: 17/06/2011

Banca: Leonilde Servolo de Medeiros (CPDA/UFRRJ – Orientadora), Claudia Job Schmitt (CPDA/UFRRJ), Osvaldo Heller da Silva (UFPR), Regina Célia Reys Novaes (UFRJ) e Cesar Augusto da Ros (UFRRJ).

Resumo: Este trabalho teve por objetivo investigar, na trajetória de grupos de agricultores de base familiar do Sul do Brasil, os caminhos pelos quais os agricultores familiares constituíram-se como personagens políticos com um projeto próprio de agricultura no cenário contemporâneo. A elaboração deste trabalho foi composta da análise de documentação de organizações de agricultores, elaborações de intelectuais orgânicos, entrevistas com lideranças e assessores de organizações rurais e observações diretas. Por meio de uma análise sociohistórica, buscou-se resgatar a experiência político-organizativa dos grupos de agricultores de base familiar (colonos e caboclos) particularmente no estado do Rio Grande do Sul, a formação de atores em diferentes momentos históricos (associações, uniões, ligas, sindicatos, cooperativas e movimentos), a constituição de identidades, a construção de opositores sociais, a formulação de projetos de agricultura e as disputas entre atores pela representação de agricultores. Percebeu-se que as construções políticas e simbólicas da agricultura familiar na atualidade são resultados de um processo de lutas de grupos de agricultores e diferentes atores frente à grande exploração agropecuária e os seus atores de representação. Contribuíram para a situação atual de maior visibilidade e reconhecimento sociopolítico da agricultura familiar um conjunto de iniciativas de diversos atores, tais como as lutas políticas e os projetos formulados pelas organizações de agricultores de base familiar (particularmente as sindicais), os estudos realizados sobre o tema por setores acadêmicos e órgãos estatais em parceria com organizações internacionais e as políticas públicas formuladas para este público a partir de meados da década de 1990. No que se refere às iniciativas sindicais destacaram-se as demandas por reconhecimento da especificidade dos pequenos produtores no processo Constituinte, na formulação da Lei Agrícola e na implantação do MERCOSUL, o processo de unificação formal do sindicalismo rural (CONTAG e CUT), a construção do projeto alternativo de desenvolvimento rural e a realização das mobilizações dos Gritos da Terra Brasil. Neste processo, ocorreu o aumento da importância do tema da agricultura familiar no interior do sindicalismo frente às suas tradicionais bandeiras da reforma agrária e dos direitos trabalhistas e ocorreu a formação da FETRAF, a partir de 2001, como uma organização sindical específica de agricultores familiares, inicialmente no Sul e logo em seguida nacionalizada. A FETRAF e a CONTAG, mesmo concorrendo entre si por expressão política e por bases, têm sido atores centrais na construção da agricultura familiar como modelo de agricultura e enquanto personagem sociopolítico importante no cenário nacional.
Palavras-chave: agricultores familiares; sindicalismo; disputas políticas; reconhecimento; Rio Grande do Sul.

 


 

Melhor Dissertação de Mestrado no III Prêmio ANPPAS 2010

MARCELO CASTAÑEDA DE ARAUJO
Ambientalização politização do consumo e da vida cotidiana: uma etnografia das práticas de compra de alimentos orgânicos em Nova Friburgo/RJ
Defesa: 08/03/2010

Banca: Fátima Portilho (CPDA/UFRRJ – Orientadora), John Wilkinson (CPDA/UFRRJ) e Lívia Barbosa (ESPM).

Resumo: As práticas que podem caracterizar uma possível ambientalização e politização do consumo surgem com a percepção do impacto dos padrões e níveis de consumo no meio ambiente global. Com isso, a partir da década de 1990, determinadas práticas de consumo passaram a ser reconhecidas como sendo social e ambientalmente responsáveis. A pesquisa teve como objetivo geral refletir sobre os processos de ambientalização e politização do consumo e da vida cotidiana no âmbito da sociedade brasileira contemporânea, enfatizando o multifacetado campo da alimentação. Desta forma, as práticas de compra de alimentos orgânicos, especialmente daqueles indivíduos que não estão organizados coletivamente em movimentos sociais configuraram o objeto de pesquisa. A principal justificativa para seu desenvolvimento era a lacuna existente nas ciências sociais brasileiras no que se refere aos estudos sobre as perspectivas dos consumidores enquanto atores sociais e os diferentes usos que fazem de suas práticas de consumo, em especial seu uso político. Os problemas centrais incluíam questões como: as práticas de compra de alimentos orgânicos são percebidas e experimentadas pelos consumidores como uma forma de ação política? De que maneiras os consumidores lidam com os discursos e cobranças de responsabilidades pela crise ambiental? Ao procurar respondê-las, através de uma etnografia das práticas de compra de alimentos orgânicos na cidade de Nova Friburgo/RJ e da realização de entrevistas em profundidade com consumidores, a pesquisa identificou um aumento da autonomia política individual no encontro das esferas pública e privada que se dá no campo do consumo. A compra de alimentos orgânicos é percebida e utilizada como um repertório de ação política romântico individualista na esfera pública. Estas práticas se mostram capazes de alimentar pontes com a cidadania, abrindo possibilidades para a emergência de novos períodos de engajamento coletivo em um contexto de reflexividade social e sociedade de risco global.
Palavras-chave: ambientalização e politização do consumo; práticas de compra; alimentação orgânica.

 


 

Melhor Tese de Doutorado no II Prêmio ANPPAS 2008

MARIA DO SOCORRO BEZERRA DE LIMA
Políticas públicas e território: uma discussão sobre os determinantes da expansão da soja no sul do Amazonas
Defesa: 18/08/2008

Banca: Peter May (CPDA/UFRRJ – Orientador), Georges Gérard Flexor (CPDA/UFRRJ), Júlia Adão Bernardes (UFRJ), Magda Wehrmann (UnB) e Ana Célia Castro (CPDA/UFRRJ e UFRJ).

Resumo: A tese objetiva compreender à dinâmica de expansão da soja no Estado do Amazonas, identificando e caracterizando o arranjo político-institucional responsável pelas transformações socioespaciais que promoveram a reorganização do uso do território e de seus recursos. Trata-se da questão da expansão da soja relacionando, contrapondo e argumentando que as interações dos arranjos políticoinstitucionais entre governos e suas agências, os atores privados e a sociedade civil estruturaram um campo de disputa, no qual a troca de recursos de poder, as alianças estratégicas e os interesses compartilhados visavam influenciar nas políticas públicas que sustentaram o movimento de expansão da soja no Amazonas. Concomitantemente, a problemática ambiental global e o peso da Amazônia no equilíbrio ecossistêmico concorreram para o fortalecimento do conceito de desenvolvimento sustentável que foi sendo incorporado nas diversas instâncias das estruturas institucionais e organizacionais das empresas; dos governos; do mercado e da sociedade civil, criando espaços de diálogos, arenas de disputas políticas, novas institucionalidades e sistemas de gerenciamento ambiental públicos e privados. Estas dinâmicas colaboram, sobretudo, para a reestruturação produtiva, social e territorial amazonense à medida que possibilitaram que territórios selecionados fossem conectados aos circuitos espaciais de produção e aos círculos de cooperação em nível internacional. Conclui-se que a dinâmica de (re) produção dos espaços agrícolas que incorporou à dinâmica agropecuária globalizada os campos naturais do sul amazonense se deu de forma subordinada e excludente acentuando as desigualdades sociais e regionais, além de colaborar para a promoção de externalidades negativas como a concentração fundiária e o aumento das taxas de desflorestamento.
Palavras-chave: políticas públicas; soja; externalidades; Amazonas.

 


 

Menção Honrosa – Prêmio SOBER 2010

ZARÉ AUGUSTO BRUM SOARES
Agricultura Familiar, Movimentos Sociais e Desenvolvimento Rural na Região do Bico do Papagaio-Tocantins: Um Estudo sobre as Relações entre Sociedade Civil e Desenvolvimento
Defesa: 27/05/2009

Banca: Jorge Osvaldo Romano (CPDA/UFRRJ – Orientador), Nelson Delgado (CPDA/UFRRJ) e Jeffersson Adronio Stadutto (UNIOESTE).

Resumo: Este estudo realizado na região do Bico do Papagaio, extremo norte do estado do Tocantins, busca abordar o desenvolvimento regional a partir de um marco conceitual em que se estabeleçam pontes entre os processos de surgimento e fortalecimento da sociedade civil, enfatizando-se o seu campo popular rural e o próprio desenvolvimento. Nesta perspectiva, pretendemos demonstrar que a noção de desenvolvimento exige, para a sua compreensão, um enfoque analítico integrador que permita a construção de olhares sobre os diferentes atores, nas diferentes escalas em que atuam. Considerando estes desafios, buscamos a construção de um marco referencial, baseado em Bebbington, que integre as noções de capacidades, titularidades, capitais e esferas relacionais e seja complementado por: a) Sen e sua noção de desenvolvimento como liberdade; e b) Cohen e Arato, que a partir de Habermas, discutem as relações entre sociedade civil e movimentos sociais partindo do enfoque da teoria política. O estudo inicia com a construção do marco conceitual, descreve os antecedentes históricos da formação do campesinato nacional estabelecendo uma ponte com o processo de ocupação da região. Aponta as especificidades deste processo marcado pela construção de um relevante acervo de estratégias de valorização de capital social. Descreve o período seguinte, marcado pelos conflitos fundiários e expansão da fronteira agrícola em direção à Amazônia e pela construção da resistência camponesa . Por fim, descreve o período de institucionalização da esfera da sociedade civil e a construção de estratégias de negociação com o Estado e da construção do acesso às políticas públicas a partir do estudo de caso da região em questão.
Palavras-chave: agricultura familiar; movimentos sociais; sociedade civil; desenvolvimento rural.

 


 

Menção Honrosa no II Prêmio 2008 – Dissertação de Mestrado

ANDRÉA SIMONE GOMES RENTE
Áreas de Proteção Ambiental como inspiração para o desenvolvimento sustentável com liberdade: o caso da criação da APA Alter do Chão

Defesa: 10/03/2006

Banca: Eli de Fátima Napoleão de Lima (CPDA/UFRRJ – Orientadora), Nelson Giordano Delgado (CPDA/UFRRJ) e Marta de Azevedo Irving, Pierina German Castelli (Consultora Independente).

Resumo: Esta dissertação teve como fundamento o estudo de caso: a criação APA Alter do Chão, situada na região do Eixo Forte, no distrito de Alter do Chão, em Santarém, Pará, Amazônia. A base metodológica utilizada foi uma Revisão Bibliográfica que permitiu um diálogo das principais temáticas referenciadas e, uma Pesquisa de Campo, onde se realizou entrevistas abertas e coleta de informações em instituições governamentais municipais e federais. A pesquisa de campo teve como fim último a caracterização da área e a reconstituição do processo de criação da APA Alter do Chão através de relato oral e de observação participante. Buscou-se, a partir desses métodos, atingir os objetivos fins. Tais objetivos estão relacionados com a tentativa de compreensão de como o processo de criação de uma Área de Proteção Ambiental – APA, no caso a APA Alter do Chão, pode ser ou não visto como inspiração para o desenvolvimento sustentável com liberdade em uma dada região, levando em conta aspectos políticos, econômicos, sociais e ambientais que permeiam tal processo. Esse processo que, em todos os níveis, se sustenta a partir da relação sociedade-natureza e a partir da crença de que Unidade de Conservação UC de Uso Sustentável, como as APA s e o desenvolvimento podem configurar-se como relações possíveis desde que haja uma percepção que a sociedade tem liberdade e precisa adquirir capacidades de fazer escolhas, possibilitando aos membros desta atingir um patamar em que reconheçam que a sua sobrevivência e de outras gerações dependem destas escolhas. Neste sentido, são dois os principais resultados deste estudo: o primeiro está relacionado à percepção de que as APA s enquanto estratégias de políticas públicas ambientais podem ser vistas como meios de viabilizar a relação sociedade-natureza a partir de um processo de participação democrático em que os principais atores envolvidos estejam de acordo e estimulados a usarem as mesmas na busca do desenvolvimento. E, segundo a visão positiva do desenvolvimento, atrelando-o a processos que desencadeiam criação de UC s de Uso Sustentável, como a APA Alter do Chão.
Palavras-chave: área de proteção ambiental; Alter do Chão; desenvolvimento.

 


 

IV Prêmio José Gomes de Silva 2006

MARCO ANTONIO VERARDI FIALHO
Rincões de pobreza e desenvolvimento: interpretações sobre comportamento coletivo

Defesa: 17/08/2005

Banca: Roberto Moreira (CPDA/UFRRJ – Orientador), Regina Bruno (CPDA/UFRRJ), Nelson Delgado (CPDA/UFRRJ), Sérgio Schneider (UFRGS) e Marcelo Carvalho Rosa (UnB).

Resumo: Este trabalho trata do processo de desenvolvimento de duas localidades rurais no município de Canguçu/RS a partir da compreensão da complexidade do contexto das relações sociais as quais estão integradas. As pessoas dessas localidades, na grande maioria, caracterizam-se pela miscigenação entre descendentes de portugueses, índios, negros e espanhóis, pela agricultura de base familiar e pelos estigmas atribuídos à origem étnica. O objetivo deste estudo foi analisar o processo de desenvolvimento das localidades rurais a partir da observação e compreensão do comportamento humano em interação no tempo e no espaço, procurando percebê-las como coletividades (sociedades locais) em contínua relação com o ambiente, num processo aberto e interdependente. Para a sua realização utilizamos tanto da pesquisa bibliográfica e de fontes secundárias, como de observações e entrevistas abertas em pesquisa de campo. Com base na bibliografia sobre a história do Rio Grande do Sul, tratamos de descrever e analisar o processo de ocupação e formação do território rio-grandense, atentando para aspectos comportamentais do gaúcho, traços que podemos identificar, relativamente, com os observados nas sociedades estudadas. Na pesquisa de campo, estimulando a memória popular local, abordamos aspectos do passado e do presente, experiências vividas que nos ajudaram a elucidar questões relacionadas ao processo de desenvolvimento das sociedades, atentando para a relação deste (processo de desenvolvimento) com
elementos comportamentais da sociedade local – transformações de mentalidade decorrente da ampliação do horizonte social. Dentre os resultados merecem destaque: a) a representação de ser humano inferior, atribuída aos descendentes de portugueses, índios, negros e espanhóis, foi construída ao longo do processo de desenvolvimento, na produção e reprodução de hierarquias sociais com diferenciais de poderes; b) a construção de identidades está relacionada com os diferenciais de poderes, qualificando ou desqualificando grupos sociais no imaginário social; c) a atribuição de estigmas a grupos sociais inferiorizados produz, na psique destes, mecanismos que impõem limites ao desenvolvimento social; d) a expansão das relações sociais qualifica grupos marginalizados ao desenvolvimento social; e) a (auto)valorização social pelo conhecimento (informação) e pelo reconhecimento das capacidades (por exemplo, produtiva) aparelha (ou municia) grupos sociais estigmatizados para contraestigmatizar, produzindo sentimentos (auto-estima, confiança, etc.) que contribuem para a ampliação das conquistas sociais.
Palavras-chave: sociedades rurais tradicionais; aspectos comportamentais coletivos; pobreza rural; desenvolvimento local; desenvolvimento reflexivo.

 


 

Menção Honrosa do Prêmio Sober 2004

LUCIANA CALCAGNO OLIVA
O modelo padrão de análise de riscos em questão e o surgimento de propostas democrático-deliberativas

Defesa: 13/03/2004

Banca: John Wilkinson (CPDA/UFRRJ – Orientador), Peter May (CPDA/UFRRJ) e Valéria Gonçalves da Vinha (UFRJ).

 


 

Postado em 13/09/2011 - 17:52 - Atualizado em 06/05/2024 - 10:39

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