Os trabalhos estão colocados em ordem cronológica (data da defesa) e o texto completo pode ser acessado na Plataforma Sucupira ao clicar em seus títulos.
PAULA MÁXIMO DE BARROS PINTO
Assentamentos, titulação e mercado de terras: dimensões da contrarreforma agrária no estado do Rio de Janeiro
Defesa: 13/04/2023
Banca: Debora Franco Lerrer (Orientadora / CPDA/UFRRJ), Leonilde Servolo de Medeiros (CPDA/UFRRJ), Mariana Trotta Dallalana Quintans (UFRJ) e Paulo Roberto Raposo Alentejano (UERJ).
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo investigar a política de titulação dos assentamentos de reforma agrária no estado do Rio de Janeiro, relacionando-os com os investimentos em infraestrutura e concessão de créditos de instalação. A investigação parte do cenário de uma série de iniciativas do poder público que direcionaram política de reforma agrária à titulação dos assentamentos por meio da transferência da propriedade da terra, cuja consequência é o retorno dessas áreas ao mercado formal de terras. Em paralelo, foi realizado levantamento dos investimentos em infraestrutura e concessão de créditos de instalação nos assentamentos do estado, que era obrigação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) permitindo, assim, análise das condições sob as quais as áreas são devolvidas ao mercado de terras. Por fim, pretende-se demonstrar que a orientação da política no sentido de privilegiar a entrega de títulos de propriedade, somada à baixa execução por parte do INCRA dos investimentos em infraestrutura nos assentamentos e à baixa concessão de créditos instalação às famílias, devolve os assentamentos ao mercado de terras sem que sejam garantidas as condições de permanência das famílias, tornando-as mais vulneráveis às pressões do mercado.
Palavras-chave: reforma agrária; assentamentos; titulação; regularização fundiária; mercado de terras.
VICTORIA BATISTELA SILVA RODRIGUES
A incidência da multiplicidade na experiência zapatista: epistemologias, devires e mitos
Defesa: 14/04/2023
Banca: Carmen Andriolli (Orientadora / CPDA/UFRRJ), Antonadia Borges (CPDA/UFRRJ), Graziela Dainese (UFF) e Victoria Darling (Unila).
Resumo: Nesta dissertação, analiso os aportes zapatistas sobre “conhecimento”, “identidade” e “realidade” e estabeleço uma interlocução entre o entendimento destes sujeitos com o dos cientistas modernos críticos, a fim de focalizar o ponto de vista compartilhado entre esses dois grupos produtores de conhecimento: a urgência da refutação capitalista e a refundação radical dos paradigmas da sociedade. O objetivo geral do trabalho é desvelar a incidência da multiplicidade no modo relacional zapatista em vários níveis da vida: no escopo individual, com o meio, entre si, com agentes externos e com o conhecimento. Para tanto, o primeiro capítulo contextualiza historicamente a luta zapatista e sua configuração organizativa. No segundo capítulo, elaboro sobre a relação do zapatismo com a ciência moderna e com a sua ciência, a fim de alcançar o funcionamento ideal da produção de conhecimento segundo o grupo. O terceiro capítulo analisa a incidência da multiplicidade na vida zapatista por meio de elementos da ontologia e epistemologia do movimento. Nesta esteira, compreendi a coesão entre o “mito” fundado no escopo epistemológico zapatista e as ações concretas do grupo em direção à transformação do mundo. Com isso, são objetos do quarto capítulo a potência explicativa dos “Relatos do Velho Antônio” e a potência extrapolativa dos “Contos do gato-perro”, na medida em que ilustram e fundamentam a discussão desvelada ao longo dos capítulos 1, 2 e 3. Como fontes de pesquisa, analisei livros zapatistas e documentos do Enlace Zapatista, que são publicações oficiais e públicas escritas por alguns subcomandantes do movimento, livros de acadêmicos que estudaram o movimento zapatista e teorias de autores modernos que são contíguas às ideias zapatistas estudadas aqui. Para essa análise, adotei três técnicas de pesquisa: análise documental das fontes zapatistas, revisão bibliográfica dos acadêmicos que estudaram o movimento e análise do conhecimento zapatista à luz dos conceitos da ciência moderna.
Palavras-chave: zapatismo; México; mitologia ameríndia; multiplicidade.
PEDRO BERRUEZO MARQUES
Conflito fundiário e direito ao território: o caso dos caiçaras da Praia Grande da Cajaíba, Paraty-RJ
Defesa: 14/04/2023
Banca: Thereza Cristina Cardoso Menezes (Orientadora / CPDA/UFRRJ), Leonilde Servolo de Medeiros (CPDA/UFRRJ) e Luiz Carlos de Oliveira Lopes (PUC-Rio).
Resumo: Localizada na zona rural do município de Paraty-RJ, mais precisamente na Península da Juatinga, a Praia Grande da Cajaíba é uma das muitas comunidades caiçaras da região sul fluminense. Inserida atualmente em uma região formada por um mosaico de unidades de conservação, a comunidade assistiu ao acelerado êxodo de seus integrantes, consequência de um intenso conflito territorial relacionado à aquisição ilegal de terras. Das cerca de vinte e cinco famílias que possuíam residência na comunidade em meados dos anos 2000, apenas duas ainda permanecem no local e resistem às tentativas de compras das posses e demais estratégias de expropriação. A presente pesquisa pretende identificar os principais atores e agentes envolvidos na dinâmica territorial, ressaltando que uma compreensão mais aprofundada de tal fenômeno exige ultrapassar as ações da díade “comunidade X grileiro”, mas situar a ação e os efeitos sociais da uma complexa rede de atores e institucionalidades que incide sobre as comunidades caiçaras como as unidades de conservação, movimentos sociais e, especialmente, empreendedores da esfera do turismo aliado ao capital imobiliário e seus representantes.
Palavras-chave: conflitos fundiários; expropriação de terras; povos e comunidades tradicionais; direito ao território; caiçaras.
LUANA PATRINIERI TABOSA
A Japuíba é nossa – da formação do conflito à construção de um bairro (1950-1980)
Defesa: 18/04/2023
Banca: Leonilde Servolo de Medeiros (Orientadora / CPDA/UFRRJ), Debora Lerrer (CPDA/UFRRJ), Carmen Andriolli (CPDA/UFRRJ) e Manoela da Silva Pedroza (UFRN)
Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo compreender o processo de formação do bairro angrense Japuíba, através das transformações as quais a fazenda que deu origem ao bairro, sofreu, uma vez que a instalação de grandes projetos de investimento (GPIs) na cidade de Angra dos Reis, tornaram-se elementos que justificavam a construção da BR-101, rodovia que corta o bairro Japuíba. Acredita-se que estrada federal Rio-Santos (BR-101) seja um dos GPIs que mais incidiram impactos sobre a formação da Japuíba como bairro, pois um empreendimento desta magnitude gera diferentes estratos sociais e conflitos de território por onde ela corta. Desta maneira, busca-se investigar os conflitos travados na fazenda, através de um resgate a memória e as lutas das populações originárias desta região.
Palavras-chave: desenvolvimento territorial, conflito de terra, moradia, Angra dos Reis.
FILIPE DA CUNHA MOSQUEIRA
Mudanças e permanências nos hábitos alimentares de famílias agrícolas do município de Teresópolis/ RJ – papéis da pluriatividade e da produção para autoconsumo
Defesa: 25/04/2023
Banca: Renato Maluf (Orientador / CPDA/UFRRJ), Maria José Carneiro (CPDA/UFRRJ) e Silvia Aparecida Zimmermann (Unila)
Resumo: O presente trabalho de mestrado tem por objetivo estudar as mudanças e permanências que vêm ocorrendo no hábito alimentar de famílias agrícolas de São Pedro da Serra – Nova Friburgo/ RJ, em um contexto de transformação do meio rural, por influência da cultura urbano-industrial, que no caso é a metrópole do Rio de Janeiro. Para entender e buscar identificar tais transformações, serão analisados os papéis da pluriatividade e da produção para autoconsumo na promoção de tais mudanças. Entende-se que tais conceitos, bastante presentes na realidade socioeconômica na agricultura familiar de Nova Friburgo/ RJ (CARNEIRO; ROCHA, 2009), podem ser fatores importantes para promoção de mudança de hábitos, incluindo os ligados à comensalidade. Portanto, fundamentais para indicar a relação da comunidade agrícola de São Pedro da Serra com os alimentos. Os dados que possibilitaram tais análises foram produzidos, majoritariamente por meio da aplicação de um roteiro de entrevista, junto à atores chave estratégicos. A escolha desses atores foi definida mediante articulação realizada junto a Associação de Agricultores de São Pedro da Serra e Adjacências. Espera-se, ao final desta empreitada, conhecer as influências que a cultura urbano-industrial vem causando na comensalidade de famílias agrícolas.
Palavras-chave: Cidade x Campo, Família Agrícola, Hábito Alimentar, Autoconsumo, Pluriatividade, Segurança Alimentar e Nutricional.
ALICE LAMOUNIER MARQUES
Novo Regime Climático, conhecimento e Covid: interfaces de um novo tempo
Defesa: 19/05/2023
Banca: Carmen Andriolli (Orientadora / CPDA/UFRRJ), Fabrina Furtado (CPDA/UFRRJ), Jean Segata e Marcelo Firpo de Souza Porto
Resumo: Esta dissertação foi realizada no contexto da pandemia por COVID-19 e, ensejada pelo contexto, se propõe a analisar de que maneira elementos até então compreendidos teoricamente como pertencentes à natureza e à cultura tem sofrido, especialmente nos últimos anos, uma imbricação cada vez mais indiscernível a nível dos fenômenos ambientais, de modo a poderem ser alocados como elementos mistos-híbridos. Propõe, a partir dessa discussão, verificar de que maneira as vulnerabilidades sociossanitárias das populações, tendo como recorte os dados epidemiológicos produzidos sobre o Brasil na pandemia de covid, são uma oportunidade para entender o contexto das mudanças climáticas e sua chave em relação do conceito Antropoceno/ Novo Regime Climático, a fim de localizar a discussão – suas controvérsias e disputas teórico-metodológicas – no contexto ambiental global contemporâneo.
Palavras-chave: Antropoceno/Novo Regime Climático, Vulnerabilidades sanitárias, Covid-19, Natureza e sociedade.
ANA CAROLINA GASPAR ESPINDOLA
Experiências afetivo-sexuais das jovens do Movimento de Mulheres Camponesas
Defesa: 19/05/2023
Banca: Elisa Guaraná de Castro (Orientadora / CPDA/UFRRJ), Graziele Cristina Dainese de Lima e Vanda Aparecida da Silva
Resumo: A sexualidade mostra-se como um tema periférico dentro dos estudos sobre juventude rural, que geralmente não levam em consideração a importância desta dimensão para as dinâmicas tanto individuais quanto coletivas. Diante disso, partindo da ideia de que a sexualidade abarca uma multiplicidade de vivências e que está intimamente ligada com os aspectos socioculturais, esta dissertação tem como objetivo analisar as experiências afetivo-sexuais vividas por jovens militantes do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). Utilizando as metodologias de análise documental e entrevista semiestruturada, investigamos como sexualidade é trabalhada nos materiais informativos do MMC e como atravessam as vidas pessoais das jovens militantes, observando as convergências e as disputas que esses temas podem gerar. Além disso, foi possível comparar suas experiências com pesquisas anteriores que abordam os temas juventude rural e sexualidade.
Palavras-chave: Sexualidade; Juventude Rural; Movimento de Mulheres Camponesas.
MARIANA CYRIACO BARBOSA
Sustentabilidade e governança na cadeia global de valor do suco de laranja
Defesa: 07/07/2023
Banca: Georges Flexor (Orientador / CPDA/UFRRJ), Fabiano Escher (CPDA/UFRRJ) e Zina Angelica Caceres Benavides
Resumo: Esta pesquisa apresenta uma análise da cadeia global de valor do suco de laranja brasileiro, com foco na sustentabilidade. Embora haja um discurso por parte do setor sobre o caráter sustentável do mesmo, organizações de vigilância denunciam, constantemente, problemas sociais e ambientais nesta cadeia produtiva. Em paralelo, o consumo de suco de laranja encontra-se em queda em seu principal mercado, a Europa. A sustentabilidade é essencial para a retomada do crescimento, devido às exigências dos consumidores europeus e aos requisitos de devida diligência cada vez mais rigorosos impostos pela União Europeia. O principal objetivo desta pesquisa é investigar se existe uma agenda convergente de sustentabilidade para o setor de suco de laranja. Para responder a esta pergunta, foram analisadas as agendas de sustentabilidade dos diferentes atores da cadeia, incluindo produtores, empresas processadoras e empresas comercializadoras, utilizando como fonte a revisão de dados secundários e primários, publicados em relatórios, páginas de internet e artigos públicos. A pesquisa utiliza o referencial teórico das Cadeias Globais de Valor (GVCs), especialmente em relação à governança e relações de poder, com o objetivo de entender quais temas de sustentabilidade se propagam por toda a cadeia e quais são restritos a um grupo específico de atores. Os resultados preliminares indicam que existe uma agenda de sustentabilidade convergente para o setor, com tópicos relacionados a direitos humanos, condições de trabalho, uso de agrotóxicos, biodiversidade, gestão da fazenda, rastreabilidade e relacionamento com a comunidade. As certificações desempenham um papel importante na unificação dessa agenda, embora ainda representem uma pequena parte dos volumes da cadeia. Outros tópicos, como como renda digna e salário de bem-estar, são negligenciados por certos grupos atores. Como limitação da pesquisa, questões relacionadas à implementação da agenda não são cobertas nesse estudo.
Palavras-chave: Cadeias Globais de Valor; Sustentabilidade; Suco de Laranja; Commodities agrícolas.
VICTOR MARCHESIN CORREA
O BNDES e a expansão canavieira para o Centro-Oeste: uma análise do papel do crédito público na dinâmica territorial da cana-de-açúcar
Defesa: 04/08/2023
Banca: Sergio Leite (Orientador / CPDA/UFRRJ), John Wilkinson (CPDA/UFRRJ) e Rodrigo Constante Martins
Resumo: O objetivo desta pesquisa foi analisar o papel do BNDES na expansão canavieira para o centro-oeste brasileiro entre os anos 2003 e 2020, abarcando o mais recente ciclo expansionista do setor, que se estabelece com o advento dos motores flexfuel em 2003. Entendendo a relevância do Estado brasileiro para a determinação da dinâmica econômica e territorial da cana-de-açúcar, estabelecemos como hipótese que o BNDES foi um ator fundamental para a expansão territorial da cana-de-açúcar, conduzindo-a a partir de uma política ativa e fornecendo os recursos necessários ao investimento. Foram analisados dados referentes às operações de crédito do BNDES para o setor nas UFs de Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso através de estatística descritiva, de acordo com o recorte temporal estabelecido. Também foi feita a análise de todas as publicações dos periódicos Revista BNDES e BNDES Setorial que tivessem o setor sucroenergético como objeto desde os 2000, realizando sua análise de conteúdo. Buscou-se inserir o tema dentro do debate acerca das determinações políticas e sociais da dinâmica econômica, em especial em relação ao papel do Estado, através da mobilização de um paradigma institucionalista que proporcionou uma abordagem multidisciplinar capaz de integrar contribuições da Sociologia Econômica, Ciência Política e Economia. Os resultados confirmaram apenas parcialmente a hipótese proposta, demonstrando que o BNDES foi fundamental para a viabilização dos investimentos que propiciaram a expansão canavieira para o Centro-Oeste, especialmente em relação à construção e ampliação de instalações industriais, contudo, a falta de convergência entre as políticas setoriais e territoriais do banco o impediu de ocupar um papel ativamente disciplinador do processo.
ONALDO LUIS BRANCANTE MACHADO FILHO
Cozinhar é um ato político? O cozinhar doméstico como ativismo alimentar
Menção Honrosa no Prêmio UFRRJ 2024 de Teses e Dissertações
Indicada pelo CPDA ao prêmio ANPOCS 2024 de Teses e Dissertações
Defesa: 10/10/2023
Banca: Fatima Portilho (Orientadora – CPDA/UFRRJ), Maycon Noremberg Schubert (Coorientador – PPGS e PGDR/UFRGS), Livia Barbosa (Puc-Rio) e Felipe da Luz Colomé (CPDA/UFRRJ).
Resumo: Esta dissertação analisa de que forma a politização da alimentação, no contexto do ativismo alimentar, se traduz em mudanças nas práticas do cozinhar doméstico. Frente ao discurso de que “cozinhar é um ato político”, promovido por ativistas com a intenção de politizar as práticas alimentares e, especificamente, o cozinhar, a pesquisa discute como o processo de politização gera transformações em torno desta prática, bem como as disputas, limitações e ambiguidades deste processo. Para tanto, foi mobilizada a literatura sobre consumo político, ativismo alimentar e Teoria das Práticas. Ao considerar o cozinhar como uma prática social, a pesquisa tem por objetivos: (a) identificar quais estratégias do consumo político são mobilizadas por ativistas alimentares no conjunto arranjado de práticas associadas ao cozinhar; (b) investigar como os elementos que constituem a prática do cozinhar e as relações entre os mesmos vêm sendo afetados pelos processos de politização; (c) compreender de quais maneiras os ativistas alimentares contribuem e se relacionam com convenções de normalidade em torno do cozinhar politizado “apropriado” e, ainda, (d) mapear as possíveis mudanças na temporalidade do cozinhar que emergem deste processo. Com o intuito de atingir os objetivos propostos, foi realizada uma Revisão Bibliográfica Sistemática e um trabalho de campo qualitativo, por meio de entrevistas semiestruturadas, observação participante e questionários, no qual o cozinhar doméstico de ativistas alimentares foi o objeto sociológico. Foram selecionados, como informantes, aqueles indivíduos que se identificassem enquanto ativistas alimentares, que vocalizassem discursos de politização do cozinhar e que fossem a principal pessoa a preparar as refeições semanais em seu núcleo familiar. Os resultados apontam modificações nos elementos que constituem o conjunto arranjado de práticas em torno do cozinhar doméstico, como as regras, os entendimentos, a estrutura teleoafetiva e os arranjos materiais. Foi proposta uma tipologia de quatro variações do cozinhar politizado, a saber: (i) para difundir o cozinhar; (ii) para difundir o veganismo; (iii) por priorizar a origem dos ingredientes; e (iv) para reduzir o desperdício. Essa tipologia foi elaborada a partir da uma análise praxiológica, na qual a prática é interpretada como uma propriedade emergente, não sendo um atributo individual, mas uma forma de engajamento social. Outras dimensões são analisadas, tais como as ações de consumo político, indicativos de construção de normatividades em torno do cozinhar politizado e a temporalidade das práticas alimentares de ativistas.
Palavras-chave: Ativismo Alimentar; Consumo Político; Cozinhar Doméstico; Teoria das Práticas.
HANNAH MACHADO CEPIK
Fazer artístico Huni Kuin e antropoceno: a produção do coletivo MAHKU
Link será disponibilizado em breve
Defesa: 06/12/2023
Banca: Carmen Andriolli (Orientadora / CPDA/UFRRJ), Fabrina Furtado (CPDA/UFRRJ) e Elizabeth de Paula Pissolato.
Resumo: Nesta dissertação, meu objetivo geral é analisar como um dos modos de expressão artística do povo Huni Kuin, presente nas criações de arte contemporânea do Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU), constitui uma cosmopolítica alternativa para lidar com as mudanças climáticas no Antropoceno. Partindo da provocação de Ailton Krenak em “Ideias para adiar o fim do mundo” (2019), busco explorar como a narrativa e a prática artística podem ser meios eficazes de mitigar os efeitos do capitalismo moderno e desafiar a ideia do ser humano como único e superior em relação a outros seres. Para atingir esse objetivo, emprego uma abordagem interdisciplinar que combina métodos de pesquisa qualitativa, análise de arte contemporânea, e estudos culturais. As técnicas de pesquisa que mobilizo são: revisão bibliográfica, análise documental e observação participante em uma visita à exposição do MAHKU, além de análises de obras de arte e manifestações culturais Huni Kuin contemporâneas. Centro minha análise em conceitos e categorias empíricas que incluem estética indígena, modos de viver indígenas em relação à floresta e conhecimento xamânico.
Além disso, exploro como as representações históricas dos indígenas na sociedade não indígena influenciam a maneira como eles se expressam e se relacionam com as mudanças climáticas. Realizei a pesquisa junto aos membros do Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU) e a concentrei nas comunidades Huni Kuin da região amazônica, onde a interação entre a arte contemporânea e a preservação ambiental desempenha um papel fundamental. Os resultados da pesquisa indicam que a arte contemporânea do MAHKU desempenha um papel importante na reconfiguração das percepções da sociedade em relação à floresta e às mudanças climáticas. Os Huni Kuin, conforme analisados a partir das perspectivas de Ailton Krenak, estão contando histórias e moldando o futuro ancestral por meio de sua arte contemporânea. Este trabalho sugere que abordagens artísticas e culturais têm o potencial de oferecer alternativas valiosas para enfrentar os desafios do Antropoceno.
Palavras-chave: Arte Huni Kuin, MAHKU, Mudança Climática, Amazônia.
DANILO AUGUSTO RICCO
Manchas rubras em mares azuis: atividade baleeira e a incompatibilidade sob a lógica do capital
Link será disponibilizado em breve
Defesa: 13/12/2023
Banca: Peter May (Orientador / CPDA/UFRRJ), Fabrina Furtado (CPDA/UFRRJ) e Eduardo Sá Barreto (UFF).
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo investigar a relação entre a caça de baleias e a atividade comercial. Para este fim, partimos de uma análise marxista acerca da questão de recursos comuns, nos quais as populações baleeiras se enquadram, e na sua mercantilização. Tendo esses dois pontos como momentos iniciais, esta dissertação se debruça sobre os mais de 1000 anos de história da caça comercial de baleias, constatando que a lógica do capital, antes mesmo da lógica capitalista, já atuava de forma a superexplorar as populações baleeiras. Assim sendo, parte-se então para uma análise que visa entender como e o porquê deste resultado. Fazendo uso de fontes históricas, documentos de organizações internacionais e artigos de jornais, se analisa o capital a partir de seus quatro pilares: crescimento e acumulação ilimitados, manutenção do consumo, rotação e desenvolvimento das forças produtivas ou melhoria da eficácia e da tecnologia. Demonstra-se então como cada um operou ao longo da história na destruição das populações de cetáceos. Por fim, também se analisa como a ideologia do capital operou sobre os trabalhadores baleeiros para que estes também contribuíssem para a atividade superexploratória das baleias.
Palavras-chave: Caça de baleias; mercantilização da natureza; lógica do capital; recursos comuns; recursos naturais marinhos.
REBECA ROSE DOS SANTOS LEANDRO
Ativismo alimentar e os movimentos em torno das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC)
Link será disponibilizado em breve
Defesa: 18/12/2023
Banca: Fatima Portilho (Orientadora – CPDA/UFRRJ), Annelise Caetano Fernandez (UFRRJ) e Michele Cristine Jacob (UFRN).
Resumo: Esta pesquisa se propôs a analisar o ativismo alimentar no Brasil contemporâneo, enfocando, especificamente, os movimentos em torno das Plantas Alimentícias não Convencionais (PANC). Tomamos como base teórica a Sociologia da Alimentação, em especial os estudos sobre ativismo alimentar, e os Estudos do Consumo. Através de uma busca na plataforma Instagram, da observação participante em uma vivência de campo e da entrevista com um ativista, foi realizado um mapeamento dos principais atores (pessoas e coletivos) envolvidos com as PANC, analisando, em seguida, seus objetivos, dilemas e ambiguidades, além dos debates e controvérsias, especialmente no que se refere à “convencionalização” e ao uso do termo PANC. Analisamos, ainda, como estes movimentos lançam mão das estratégias de consumo político e quais as práticas defendidas pelos ativistas. Os dados encontrados nos levaram a caracterizar as principais formas de atuação (ativismo strito sensu, ativismo empreendedor e ativismo voltado para a divulgação e educação ambiental) e propor uma tipologia inicial dos movimentos em torno das PANC (os que enfatizam temas estéticos, os que enfatizam temas éticos e os que se opõem ao acrônimo PANC).
Palavras-chave: Sociologia da Alimentação; Ativismo alimentar; Consumo político; Plantas Alimentícias não Convencionais (PANC).
Postado em 28/04/2023 - 11:38 - Atualizado em 17/10/2024 - 15:53
A professora Ana Garcia, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA) da Universidade Federal … leia mais
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