Os trabalhos estão colocados em ordem cronológica (data da defesa) e podem ser acessados na plataforma Sucupira ao clicar em seus títulos.
MARIA MORENA PINTO MARTINS FARIAS
Mulheres da Praia do Sono: um estudo sobre gênero, turismo e sustentabilidade no litoral sul do Rio de Janeiro
Defesa: 15/05/2017
Banca: Thereza Menezes (CPDA/UFRRJ – Orientadora), Claudia Job Schmitt (CPDA/UFRRJ) e Paula Mendes Lacerda (UERJ).
Resumo: A proposta do estudo é analisar a crescente presença feminina nas práticas de desenvolvimento sustentável na Praia do Sono, localizada no município de Paraty/RJ, a partir da análise comparativa do turismo de base comunitária e da prática artesanal do bordado. Pensar comunidades caiçaras na sociedade contemporânea é também refletir sobre a implementação de práticas econômicas que permitam a reprodução e a sobrevivência destes povos em conjunto com a conservação ambiental das áreas costeiras. Com este objetivo, a pesquisa buscou analisar comparativamente dois tipos de práticas de desenvolvimento econômico em curso na Praia do Sono, aquelas induzidas pelo Estado e organizações da sociedade civil, como é o caso do bordado elaborado por mulheres que compõe o grupo reconhecido como as Bordadeiras da Praia do Sono. E as iniciativas e atividades protagonizadas pelas comunidades locais e desenvolvidas autonomamente como o turismo comunitário. O foco da pesquisa recaiu sobre a centralidade da gestão feminina no desenvolvimento destas práticas econômicas, buscando refletir sobre como as mulheres acionam suas redes de parentesco e vizinhança na organização das atividades e como a crescente presença feminina na geração de renda tem se manifestado nas relações sociais de gênero dentro da família e da comunidade.
Palavras-chave: comunidades tradicionais; turismo de base comunitária; artesanato; gênero; caiçaras; Praia do Sono.
JUAN FRANCISCO AZUERO MELO
Petróleo, diversidad, guerra y re-existencia en la Amazonia Andina Colombiana: el conflicto socio-ambiental del Bloque San Juan
Defesa: 25/05/2017
Banca: Héctor Alimonda (CPDA/UFRRJ – Orientador), Débora Franco Lerrer (CPDA/UFRRJ – Coorientadora), Claudia Job Schmitt (CPDA/UFRRJ) e John Cunha Comerford (UFRJ).
Resumo: O presente trabalho analisa o conflito socio-ambiental na região do Bloque San Juan (Putumayo, Colômbia) entre as comunidades da área –representadas pela Asociación Ambiental Salado de los Loros– e a empresa petroleira canadense “GranTierra Energy Inc.”. Esta pesquisa realiza-se principalmente desde as perspectivas teóricas da Sociologia Política, a Ecologia Política e a Geografia Crítica Latino-americana. Observa-se que noções como restrições e oportunidades políticas, repertórios de ação, frames, territorialidades, contextos de experiência y processos de apropriação do espaço, representam elementos constitutivos do conflito na medida em que cada um, assim como suas relações, são fundamentais dentro da evolução da disputa. Além disso, analisa-se como o conflito não é só um enfrentamento pelo controle e uso dos recursos naturais, trata-se também de uma disputa de significados, territorialidades e percepções culturais enfrentadas. Também são analisados os processos de configuração de territorialidades colonas-camponesas no Bloque San Juan, evidenciando como a nova e boa consciência ambiental surge como um eixo fundamental dentro da luta de reexistência adiada. Uma das peculiaridades deste conflito é que até hoje a comunidade tem impedido a realização de atividades exploratórias de petróleo.
Palavras-chave: conflictosocio-ambiental; neo-extractivismo; ecología política; sociologia política; geografía crítica latino-americana; Putumayo; Bloque San Juan.
ADRIANO DE ALMEIDA FORIGO
Litígio de terra, litígio de memória: a questão agrária em Porecatu/PR a partir das narrativas locais (dos conflitos de 1948-51 até o presente)
Defesa: 19/06/2017
Banca: Débora Franco Lerrer (CPDA/UFRRJ – Orientadora), Leonilde Servolo de Medeiros (CPDA/UFRRJ) e Maria Veronica Secreto de Ferreras (UFF).
Resumo: O presente trabalho analisa o desenvolvimento da questão agrária no município de Porecatu/PR, e no território no qual ele está inserido, a partir das narrativas de moradores antigos de cidade, que nela chegaram em períodos próximos à sua fundação. Para esta análise, parte-se também de outras ocasiões narrativas consideradas relevantes. Primeiramente, é feita uma revisão bibliográfica, a fim de caracterizar a produção existente acerca do conflito agrário de Porecatu e situar a contribuição da presente investigação. Nos capítulos seguintes, os conflitos agrários de Porecatu são historicizados e tem sua análise informada pelos aportes dos estudos de fronteiras agrícolas, estudos sobre o poder local e sobre os processos sociais da memória. Desta maneira, procura-se criar um arcabouço analítico que permita interpretar as narrativas das fontes sob diferentes óticas, buscando nelas elementos que permitam caracterizar os processos históricos conflitivos através de diferentes dimensões da vida. Este trabalho visa analisar os processos sociais onde há a disputa entre narrativas explicativas de um determinado contexto local, por sua vez ancoradas em processos materiais, econômicos e sociais conflitivos, onde os diferentes agentes disputam sua significação.
Palavras-chave: questão agrária; memória dividida; Porecatu/PR; poder local; fronteira agrícola.
THAÍS ELETHERIO CORDEIRO
A cozinha e suas práticas: o cozinhar doméstico, seus aprendizados, permanências e alterações
Defesa: 26/06/2017
Banca: Fátima Portilho (CPDA/UFRRJ – Orientadora), Claudia Job Schmitt (CPDA/UFRRJ) e Lívia Barbosa (PUC-Rio).
Resumo: Este trabalho tem por objetivo compreender as maneiras como o cozinhar doméstico cotidiano é aprendido, mantido e alterado em meio a uma crescente cacofonia de discursos sobre o comer e o cozinhar. As diversas abordagens das teorias das práticas foram usadas como lente analítica para observar o cozinhar do dia a dia. Com foco na ação e no processo de rotinização das práticas, este conjunto de teorias permite observar a influência mútua entre os sentidos dados à culinária, os aprendizados e as transformações do fazer comida e do ambiente material, que permitem a constituição e as alterações do cozinhar. Através de uma abordagem de pesquisa qualitativa, foram realizados encontros etnográficos nas casas de 12 mulheres, entre 29 e 60 anos, moradoras da cidade do Rio de Janeiro/RJ e portadoras de ensino superior completo. O recrutamento das participantes buscou contemplar a fase adulta do ciclo de vida, considerando fatores como nupcialidade e fecundidade. Os principais resultados da pesquisa foram: 1) a consideração da culinária doméstica enquanto prática composta, a qual tem sua manutenção na rotina e na não reflexão das ações; 2) a percepção de uma mudança de sentido do cozinhar doméstico, de uma atividade com objetivo de nutrição do corpo para uma atrelada ao prazer; 3) a presença de um aprendizado multifacetado, iniciado ainda na infância, a partir da observação do cozinhar materno e da ludicidade, e permeado por outras práticas como o comer fora e o viajar.
Palavras-chave: comida; culinária doméstica; sociologia da alimentação; teorias das práticas.
FABIANE DALLA NORA
“Todo dia é dia de feira”: relações de gênero a partir de uma feira de pequenos agricultores de Santa Maria/RS
Defesa: 21/08/2017
Banca: Maria José Teixeira Carneiro (CPDA/UFRRJ– Orientadora), Carmen Silvia Andriolli (CPDA/UFRRJ) e Ana Louise de Carvalho Fiúza (UFV).
Resumo: Esta dissertação baseia-se em uma pesquisa etnográfica realizada em uma feira de pequenos agricultores localizada na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul/RS. Conhecida como Feirinha de Camobi ou Feira da Roraima, ocorre no bairro Camobi há aproximadamente dezoito anos e surgiu por uma iniciativa da Associação de moradores, Sociedade Amigos de Camobi (SACA). Atualmente, consiste em um importante meio para o desenvolvimento socioeconômico das famílias que se deslocam para a cidade com o propósito de comercializar seus produtos. É um espaço que possibilita a venda direta entre produtor e cliente, fazendo com que tenham mais autonomia sobre suas atividades. O objetivo principal deste trabalho é observar como as relações de gênero se manifestam no cotidiano destes trabalhadores, na organização e realização da feira. Compreender como esse espaço de comércio interfere nestas relações, tanto no meio doméstico como no âmbito do trabalho. Através da minha experiência etnográfica procurei demostrar como a feira modifica a vida social das mulheres feirantes, que comercializam seus produtos, e como interfere no cotidiano doméstico, identificando os conflitos que pode acarretar na esfera familiar.
Palavras-chave: familiar.
CHARLES ANDRE FERNANDES BARROS
Narrativas de luta: a reforma agrária radical nas páginas do Jornal Liga (1962-1964)
Defesa: 28/08/2017
Banca: Raimundo Santos (CPDA/UFRRJ – Orientador), Debora Franco Lerrer (CPDA/UFRRJ), Dora Vianna Vasconcellos (CPDA/UFRRJ) e Ricardo José de Azevedo Marinho (UNIRIO).
Resumo: A dissertação buscou analisar o sentido discursivo da Reforma Agrária Radical no periódico das Ligas Camponesas – A Liga. A trajetória do texto se inicia com a formação das Ligas Camponesas no nordeste brasileiro e como essas experiências de luta vão ser os ignitores do surgimento de novas ligas por várias partes do território nacional. Se propôs também, a discutir a estruturação do discurso da Reforma Agrária Radical, a partir do encontro que aconteceu na capital mineira em novembro de 1961, ou seja , o I Congresso Nacional dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas. Nesse congresso se edificaria uma bandeira de luta das Ligas Camponesas que seria, a partir de então, o seu principal elemento identificador: A bandeira da Reforma Agrária Radical. Discutimos como o jornal Liga se caracteriza como um jornal militante na luta de suas bandeiras e na união entre campo e cidade. Dos trabalhadores do campo e da cidade. A militância pela união operário-camponesa.
Palavras-chave: Ligas Camponesas; Jornal Liga; reforma agrária radical.
MARCOS VINICIUS MARTINS PEREIRA
A luta pelo território caiçara no contexto da mudança de categoria da Reserva Ecológica da Juatinga
Defesa: 31/08/2017
Banca: Eli de Fátima Napoleão de Lima (CPDA/UFRRJ – Orientadora), Carmen Silvia Andriolli (CPDA/UFRRJ), Roberto José Moreira (CPDA/UFRRJ) e Susana Cesco (UFF).
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo estudar a mudança de categoria da Reserva Ecológica da Juatinga (REJ), no município de Paraty, Estado do Rio de Janeiro. A REJ foi criada em 1992 pelo Decreto Estadual 17.981 com o objetivo de preservar o ecossistema local e fomentar a cultura caiçara local, compatibilizando a utilização dos recursos naturais com os preceitos conservacionistas. A Península da Juatinga é habitada há séculos por populações caiçaras cujo modo de vida é baseado na pesca e na agricultura em consórcio com outras atividades que variam de intensidade e importância de acordo com os contextos socioeconômicos regionais, nacionais e internacionais. A criação da REJ ocorreu em um momento de avanço da urbanização e especulação imobiliária sobre as terras caiçaras, porém a sua gestão acabou reprimindo as práticas dos caiçaras, contribuindo para as mudanças no seu modo de vida e na relação com a natureza local. A partir da lei federal nº 9.985/2000 que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), torna-se uma exigência a reavaliação de unidades de conservação (UC) estabelecidas antes dessa lei e que não pertençam às categorias de UC previstas por ela, como é o caso da REJ, para que sejam destinadas aos padrões do SNUC. Com o estudo do processo mudança da REJ busco colocar em questão a disputa por territórios, tendo como objetivos: identificar e analisar os agentes e instituições, os interesses e estratégias envolvidas nesse processo. Com isso, pretendo entender de que maneira os territórios caiçaras podem ser modificados. Considerando as populações caiçaras como historicamente marginalizadas, viso identificar e analisar sua visão, seus anseios e formas de luta pela defesa de seus territórios diante do processo de mudança da REJ, que pode ser considerado por essas comunidades como uma nova oportunidade para legitimar seu território legalmente, tanto a regularização fundiária quanto o próprio exercício de seu modo de vida.
Palavras-chave: caiçaras; Reserva Ecológica da Juatinga; território; identidade.
GABRIEL DAYER LOPES DE BARROS MOREIRA
No caminho para a roça havia um mundo – territorialidades e recriações camponesas na Comunidade Paraguai, Baixo Jequitinhonha – MG
Defesa: 04/09/2017
Banca: Claudia Job Schmitt (CPDA/UFRRJ – Orientadora), Leonilde Servolo de Medeiros (CPDA/UFRRJ), Carmen Silvia Andriolli (CPDA/UFRRJ) e Claudenir Favero (UFVJM).
Resumo: A leitura das paisagens rurais do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, revela modificações decorrentes de conflitos ambientais e de processos de cercamento e expropriação territorial de comunidades camponesas. Mas mesmo em um cenário de grandes ameaças e risco de desterritorialização, as dinâmicas sociais e ecológicas dos grupos camponeses têm sido capazes de engendrar, em contextos específicos, processos dinâmicos e interativos de re-territorialização e de recriação de identidades e formas de vida. Esta dissertação tem por objetivo analisar a experiência coletiva dos moradores e moradoras da comunidade Paraguai, situada na região do Baixo Jequitinhonha, em Minas Gerais, em seu processo de (re)construção como um grupo social. Esta região, historicamente marcada pelas fazendas de criação de gado, pelo trabalho agregado e por um campesinato móvel apresenta, na atualidade, um quadro geral marcado pelo relativo enfraquecimento do mandonismo dos fazendeiros. Ao mesmo tempo, é possível observar a emergência de novas formas de organização e de luta sociais protagonizadas por comunidades, organizações da sociedade civil e movimentos sociais do campo. Em decorrência dos cercamentos, intensificados sobretudo a partir da década de 1970, as famílias da comunidade Paraguai vivem num aperto danado e reconstroem de forma muito dinâmica suas ecologias e espaços de vida. Tal reconstrução mobiliza um conjunto heterogêneo de elementos, revitaliza e ressignifica tradições, ampliando com isso as margens de manobra para a existência social em um contexto marcado por restrições e assimetrias de poder. A reterritorialização e as recriações camponesas nesta comunidade encontram-se fortemente ancoradas no parentesco, na religiosidade e no pertencimento ao lugar. Esse processo mobiliza múltiplas estratégias de manejo agroambiental, práticas relacionadas à conservação e uso sustentável da agrobiodiversidade, de inspiração agroecológica, bem como a valorização da identidade quilombola e a afirmação do direito ancestral ao território. Compreendem também a inserção em redes e articulações sociais em diferentes escalas, o que nos leva a refletir acerca de uma ampliação do próprio sentido de “lugar” e da “comunidade” como espaços de existência.
Palavras-chave: campesinato; território; estratégias de recriação camponesa; comunidade; agroecologia; quilombola.
CARLOS ALBERTO LUCIO BITTENCOURT FILHO
A corporatização do território de Conceição do Mato Dentro (MG) pela mineradora Anglo-American. estratégia e corporativa e subordinação do lugar
Defesa: 11/09/2017
Banca: Héctor Alimonda (CPDA/UFRRJ – Orientador), Andrey Cordeiro Ferreira (CPDA/UFRRJ), Ana Flavia Moreira Santos (UFMG) e Rodrigo Salles Pereira Dos Santos (UFRJ).
Resumo: A instalação do projeto Minas-Rio no município de Conceição do Mato Dentro (MG) gerou transformações profundas na dinâmica territorial local. Essa pesquisa busca apontar em que medida essas transformações podem ser compreendidas como fruto da corporatização do território dessa cidade e como a dinâmica de apropriação territorial e da natureza por parte da mineradora Anglo American está relacionada com a condição de dependência da sociedade brasileira no interior do sistema-mundo capitalista, reproduzindo hierarquias, desigualdades e conflitos.
Palavras-chave: mineração; território; corporatização dos territórios; estratégia corporativa; justiça ambiental; sistema-mundo; teoria da dependência.
DANIEL VIEIRA NUNES
Caboclos contra o Progresso: conflito ambiental na Guerra do Contestado
Defesa: 20/09/2017
Banca: Hector Alberto Alimonda (CPDA/UFRRJ – Orientador), Maria Veronica Secreto de Ferreras (UFF – Coorientadora), Leonilde Servolo de Medeiros (CPDA/UFRRJ) e José Augusto Padua (UFRJ).
Resumo: A pesquisa se debruça sobre a Guerra do Contestado (1912-1916) a partir do ponto de vista da história ambiental e da ecologia política. Buscando elementos que nos permita caracterizar o Contestado como um conflito ambiental, desenvolvemos um olhar sobre a bibliografia e fontes que pudessem extrair as noções de natureza de dois conjuntos de sujeitos: as classes dominantes comprometidas com a ideologia do progresso, representadas pelas classes dominantes locais identificadas com o projeto ruralista e pelo holding de Percival Farquhar, ator do imperialismo na região, ambos amparados no aparelho de Estado; e os caboclos do planalto Contestado através da análise de seu modo de vida caboclo em suas práticas econômicas e costumes, sua religiosidade e seu projeto político constituído durante o conflito. Entendendo que as ações das classes dominantes alteraram sobremaneira o modo de vida dos sertanejos assim como os ecossistemas do planalto Contestado, procuramos desenvolver argumentos que podem sustentar a tese da Guerra do Contestado como um conflito ambiental e da existência de um ecologismo caboclo.
Palavras-chave: Guerra do Contestado; conflito ambiental; história ambiental.
MANUELA VALIM BRAGANHOLO
Engenhos de Farinha: história, memória e resistência no litoral catarinense
Defesa: 28/09/2017
Banca: Débora Franco Lerrer (CPDA/UFRRJ – Orientadora), Thereza Cristina Cardoso Menezes (CPDA/UFRRJ – Coorientadora), Fátima Portilho (CPDA/UFRRJ) e Raquel Mombelli (UFSC).
Resumo: Esta dissertação investiga os processos que trouxeram os engenhos artesanais até a contemporaneidade e a construção da articulação em rede e da patrimonialização como estratégias políticas para a continuidade dos engenhos de farinha. A farinha de mandioca foi o alimento básico e a principal atividade econômica do litoral de Santa Catarina, especialmente a partir do século XVIII. Os engenhos de farinha garantiram a segurança alimentar das populações locais e a possibilidade de trocas no mercado interno até meados do século XX. A partir dessa época, a pressão por terras para projetos de desenvolvimento industriais e turísticos, bem como urbanização não planejada dos territórios, modificou as relações de produção e consumo da farinha. A redução das terras cultivadas e a descaracterização dos engenhos tradicionais para o atendimento de normas sanitárias destituiu a farinha artesanal de seu destaque econômico regional, fechando ou transformando o caráter produtivo de muitos engenhos. No século XXI, as farinhadas seguem produzindo farinha, beijus, cuscuz e diversos significados simbólicos, reatualizando tradições das populações litorâneas, contudo. Contemporaneamente os engenhos (re)aparecem em discursos que interligam agroecologia, turismo, gastronomia regional, demandas fundiárias e por valorização cultural. As sociabilidades, tradições e práticas vividas nos engenhos são articuladas entre diversos atores na Rede Catarinense de Engenhos de Farinha, ensejando o reconhecimento como Patrimônio Cultural do Brasil.
Palavras-chave: engenho de farinha; história econômica; memória; urbanização; litoral catarinense; alimentação; redes.
FABIOLA VIEIRA PINTO
Programa Nacional de Alimentação escolar: uma análise de desempenho de resultados
Defesa: 09/10/2017
Banca: Georges Gerard Flexor (CPDA/UFRRJ – Orientador), Biancca Scarpeline de Castro (UFRRJ) e José Renato Sant’Anna Porto (UFF).
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo estudar o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) através de um estudo de caso desenvolvido em Pinheiral, município do estado do Rio de Janeiro. O PNAE conta com mais de 60 anos e tem como objetivo oferecer alimentação escolar aos alunos das escolas públicas, em todas as etapas da educação básica pública. A partir de 2009 foi incluso em seu corpus legal a lei 11.947 que instituiu a diretriz de que 30% dos recursos que são repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) devem ser destinados à produtos da agricultura familiar. Esta diretriz incorpora o princípio da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e busca estimular o desenvolvimento econômico da agricultura familiar local e das comunidades indígenas, quilombolas e assentamentos da reforma agrária. Objetiva-se nesse trabalho identificar como o processo de implementação do PNAE acontece no âmbito da agricultura familiar e que particularidades interferem no desempenho de seus resultados. Partindo em certa medida da noção racionalista de desempenho que é apoiada no quantitativo de recursos destinados à agricultura familiar no programa, iniciamos o trabalho a partir do questionamento do porquê os municípios apresentam resultados diferentes entre si e ao longo do tempo. A noção por traz desta questão é identificar que fatores podem regular o desempenho da inserção dos alimentos oriundos da agricultura familiar na alimentação escolar.
Palavras-chave: PNAE; agricultura familiar; desempenho na implementação.
Postado em 24/01/2018 - 13:19 - Atualizado em 12/08/2020 - 17:12