UFRRJ desenvolve solução inovadora para o controle do carrapato dos bovinos

Pesquisa é realizada em parceria com a UFG e com a Embrapa

Infestação de larvas no capim, fenômeno que pode ser controlado com a aplicação do fungo nas áreas de pastagem

Cientistas de três instituições públicas de pesquisas – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal de Goiás (UFG) e Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa) – desenvolveram e testaram uma tecnologia inovadora para o controle do carrapato Rhipicephalus microplus, ectoparasita comum em bovinos e que resulta em perdas econômicas consideráveis para a pecuária. Os resultados foram publicados na revista Scientific Reports do grupo Nature.

Como a maior parte dos carrapatos do sistema pecuário encontra-se no solo ou na pastagem, nos estágios de ovos e larvas recém-eclodidas, os pesquisadores estudaram a aplicação direta na pastagem de formulações granulares secas de Metarhizium robertsii, um microrganismo do grupo de fungos conhecido como entomapatogênicos, isto é, capazes de causar doença em insetos e outros artrópodes. Allan Felipe Marciano, doutor em ciências e egresso do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV/UFRRJ), explica que para o controle do ectoparasita foram utilizadas formulações baseadas em duas formas do fungo, microscleródios e blastosporos. Ambas são obtidas do processo de fermentação líquida.

O uso do inimigo natural mostrou-se bem-sucedido nas condições realizadas. A pesquisa demonstra que aplicar o acaricida biológico nas pastagens pode ser  uma técnica efetiva para controle da população de carrapatos no ambiente e assim reduzir a infestação dos bovinos. Além de reduzir significativamente o número de larvas do ectoparasita durante a estação úmida, com mais de 60% de eficácia, a formulação fúngica também foi considerada uma tecnologia sustentável e de baixo custo. O ensaio de semicampo ocorreu entre os meses de janeiro e dezembro de 2019, no câmpus Seropédica da UFRRJ.

Parceria e investimento

Em seu doutoramento em Ciências Veterinárias na UFRRJ, Allan Marciano foi orientado pela docente Vânia Bittencourt, pioneira na Universidade em estudos científicos com fungos entomapatogênicos, e coorientado pela professora Patrícia Golo. Atualmente, as pesquisas sobre o tema concentram-se no Laboratório de Controle Microbiano (LCM/UFRRJ) e produzem conhecimento sobre o controle biológico nas ciências agrárias e da saúde, entre outros temas.

“Os projetos de pesquisa possuem uma grande abrangência, que geralmente iniciam no isolamento destes agentes microbianos do ambiente, passam por estudos biológicos, ecológicos, moleculares, celulares e bioquímicos que explicam a interação e modo de ação destes organismos no ambiente e em seus hospedeiros, chegando finalmente na formulação e bioprospecção, que é o caso das formulações granulares recentemente publicadas”, explica Allan.

O pesquisador destaca que a realização a pesquisa só foi possível graças à junção de diversas fontes de financiamento, de instituições como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg).

A publicação do artigo “Innovative granular formulation of Metarhizium robertsii microsclerotia and blastospores for cattle tick control” foi produto de uma parceria dos cientistas da UFRRJ, com Everton Fernandes da UFG, que possui a patente sobre os grânulos utilizados na pesquisa, e com o analista da Embrapa Meio Ambiente, Gabriel Mascarin, que é referência na produção massal e formulação de entomopatógenos. Também colaborou Stefan Jaronski, patologista de insetos que consolidou sua carreira como pesquisador do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (DAEU; em inglês: United States Department of AgricultureUSDA).

“Esta pesquisa tem impacto significativo para a produção animal, traz uma alternativa promissora para o desenvolvimento não só do mercado pecuário, mas também do agrícola, sem deixar de lado a sustentabilidade. É possível a união entre saúde animal, humana e ambiental e cabe às universidades serem também difusoras deste conceito de saúde única”, conclui Allan.

Para ler a íntegra do artigo , clique aqui.

Por Michelle Carneiro, jornalista da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ).

Fotos: Divulgação – PPGCV/UFRRJ.

Postado em 29/06/2021 - 08:46

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