É urgente monitorar o risco de incêndio nas áreas da Mata Atlântica. As queimadas afetam a saúde da população, ocasionam perda da diversidade de flora e fauna, além de liberarem gás carbônico (CO2) na atmosfera, o que contribui para o agravamento do efeito estufa. Como o monitoramento ambiental realizado por meio de técnicas de sensoriamento remoto pode fornecer informações úteis para uma melhor fiscalização das florestas no Rio de Janeiro?
Com esta questão em mente, a estudante de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Florestais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (PPGCAF/UFRRJ) Raquel de Oliveira Santos, sob orientação do docente Rafael Coll Delgado, dedicou-se ao estudo da aplicação de um índice de seca – o NMDI (do inglês Normalized Multi-band Drought Index) – utilizado pelos principais centros de monitoramento de incêndios florestais no mundo e que ainda não tinha sido avaliado no bioma brasileiro.
O objetivo da pesquisa foi avaliar e correlacionar o NMDI entre 2001 e 2019 com variáveis biofísicas, além de gerar simulações futuras deste índice, de 2020 a 2030, para 12 classes de uso e cobertura do solo no estado do Rio de Janeiro, por meio da modelagem ARIMA (do inglês Auto Regressive Integrated Moving Average). As condições climáticas de extrema seca estimadas pelo NMDI podem servir como uma ferramenta para fiscalizar regiões sujeitas a incêndios e evitar graves danos ambientais e sociais.
“O principal resultado do estudo foi demonstrar a aplicabilidade do NMDI na previsão de condições de perigo de incêndio na Mata Atlântica. Agora, temos uma nova ferramenta que pode ser usada para o monitoramento dos nossos recursos florestais e para o controle de eventos ligados à seca”, explica Raquel, que desenvolve a pesquisa com o auxílio de bolsa de doutoramento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “As políticas públicas voltadas à proteção do meio ambiente não podem ser relaxadas. É necessário fortalecê-las”, afirma.
A pesquisadora ressalta, ainda, que um trabalho de tal porte só foi possível graças ao envolvimento de um grande número de cientistas. Além da equipe multidisciplinar do Laboratório de Sensoriamento Remoto Ambiental e Climatologia Aplicada da UFRRJ, profissionais da Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) colaboraram com a avaliação e o processamento de dados em todas as etapas da pesquisa. “Vejam a importância da comunicação cientifica entre diferentes instituições públicas e de qualidade”, sublinha Raquel.
Todo o detalhamento do estudo, bem como os resultados alcançados, estão disponíveis para consulta pública no artigo “NMDI application for monitoring different vegetation covers in the Atlantic Forest biome, Brazil” recém-publicado no periódico Weather and Climate Extremes (WACE), de autoria de Raquel de Oliveira Santos (UFRRJ), Rafael Coll Delgado (UFRRJ), Regiane Souza Vilanova (UFRRJ), Romário Oliveira de Santana (UFRRJ), Caio Frossard de Andrade (UFRRJ), Paulo Eduardo Teodoro (Unemat), Carlos Antonio Silva Junior (UFMS), Guilherme Fernando Capristo Silva (UFMT) e Mendelson Lima (Unemat).
Por Michelle Carneiro, jornalista da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ).
Postado em 27/05/2021 - 13:44
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