Na segunda semana do mês de junho, o Jardim Botânico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (JB-UFRRJ) organizou a tradicional Feira do Meio Ambiente. O evento aconteceu na quarta-feira (11/06), com o objetivo de mostrar trabalhos de iniciação científica desenvolvidos no espaço do JB. A programação contou com apresentações interativas, visitas guiadas e entrega de mudas de plantas aos visitantes. Neste ano, mais uma vez, a Feira ocorreu durante a Semana Rural.

Na parte da manhã, foram apresentados resultados de pesquisas dos estudantes e profissionais que realizaram iniciação à pesquisa científica, com bolsa do Proverde, junto ao JB em 2024. O estudante de Ciências Biológicas, José Arthur Carvalho explicou aos visitantes a anatomia das bromélias, uma das muitas espécies que fazem parte do acervo do Jardim. A apresentação contou com modelo didático – que demonstrou como é o interior delas – e microscópio que as pessoas visualizaram o interior das plantas. Ele comenta a importância de elaborar uma demonstração interessante e de fácil compreensão. “Como estamos numa semana de extensão, temos que tentar tornar o conhecimento científico acessível para a comunidade”

A estudante de Geografia, Laryssa Pires, integra um projeto envolvendo biogeografia com a etnobotânica, e pesquisou como algumas plantas do acervo do Jardim são utilizadas pela população. Entre as espécies encontradas no JB, foram escolhidas 21 plantas, como, por exemplo, o bambu – utilizado em cercas, artesanatos e decorações – e o jambo, comumente usado como corante. “A gente foi escolhendo e vendo qual tinha maior potencial para ser aplicada nesse estudo. Tem tanto espécies exóticas como nativas”, conta a estudante.
O graduando Felipe Dias, do curso Ciências Agrícolas, é o responsável por explicar sobre a coleção das Acanthaceae , e também sobre a diversidade de espécies identificadas em território nacional. “Aqui no Brasil são registradas 534 espécies, dentre elas, 301 são endêmicas, que demonstram essa importância ecológica”, analisa. Já em solo carioca, também tem um número considerável: “Falando mais especificamente do Rio de Janeiro, por volta de 136 espécies só ocorrem aqui, que demonstra a importância ecológica”. A coleção do JB-UFRRJ reúne 28 espécies, em que parte estão ameaçadas de extinção.
O estudante de Engenharia Florestal, Diego Costa, fez uma caminhada junto com os visitantes pelo JB, mostrando espécies em extinção ou risco de extinção, como o Pau-Brasil, Garapa, Palmito Jussara entre outros. O pesquisador explicou como ocorre o processo de conservação. “A gente tira elas do habitat natural e implementa nesse espaço”, comenta. “A maioria é nativa da Mata Atlântica e algumas são de um clima mais frio, como o da Serra”, diz Diego, que realizou iniciação científica com bolsa do Proverde.

Na parte da tarde, a programação continuou com outros trabalhos. O graduado em Biologia pela UFRRJ, Guilherme Vieira, relatou como foi seu estudo com epífitas. Em 2022, fez um levantamento florístico dessas espécies no JB, e desenvolveu uma trilha e guia de campo baseado nessas informações. Depois, na segunda parte, fez aplicação desses materiais com turmas escolares. Como fazia estágio em Licenciatura no Colégio Estadual Presidente Dutra, que fica próximo ao campus de Seropédica, ele aplicou dois questionários aos estudantes do Ensino Médio. No primeiro, analisou conhecimentos sobre botânica das turmas. Depois, levou os alunos para fazerem a trilha no JB, onde explicou sobre as espécies. Após o percurso, Guilherme passou outro questionário para verificar se houve mudanças no conhecimento. Ele, então, compartilhou o resultado da pesquisa com os visitantes. “Os materiais foram efetivos em mudar um pouco a visão que eles tinham sobre as plantas”. No entanto, constatou um dado preocupante: apesar dos estudantes estudarem há poucos metros do Jardim, só conheceram o espaço após o convite do Guilherme.
A estudante de Agronomia Bianca Camargo realizou uma pesquisa de informações sobre plantas aromáticas a serem aplicadas em placas com QR Code no Jardim. “O objetivo do projeto é a gente desenvolver placas QR Code com informações gerais da planta, o histórico, qual o uso que ela tem, e características botânicas”, fala Bianca. “Hoje eu trouxe algumas fragrâncias para o pessoal sentir o cheiro e expliquei um pouco sobre a diferença de notas”. Ela também fez um alerta sobre o uso indevido de plantas aromáticas, que podem causar alergias, queimaduras e intoxicações.
Yasmin Camargo, aluna do curso de Geografia, foi uma das responsáveis pela criação de três mapas táteis do Jardim Botânico para deficientes visuais e/ou pessoas com baixa visão. “Os mapas foram testados por pessoas com deficiência visual que se voluntariaram para os testes. Dentre estes voluntários, dois são estudantes da UFRRJ”, conta a estudante, que mostrou os mapas às pessoas que participaram do evento.


A discente de Engenharia Florestal, Maria Carolina Fernandes, levou os visitantes para várias regiões do Jardim Botânico, como viveiro e horto de plantas medicinais, além do pomar das Myrtaceae, que faz parte da sua pesquisa. A estudante tirou dúvidas e dialogou com o público. Além disso, distribuiu mudas da grumixama (Eugenia brasiliensis), uma planta frutífera. “É semelhante à jabuticaba”, explicou Gabriela Lopes, estudante de mestrado e colaboradora do JB.

Além das apresentações e passeios pelo JB, o público – incluindo discentes, familiares de estudante e moradores próximos – pôde conhecer de pertinho algumas espécies de abelhas no meliponário, organizado em parceria com o LABelha (setor de Apicultura e Meliponicultura da UFRRJ). Essa parte, inclusive, foi a favorita de Wenderson Cutrim, estudante de Engenharia Química. “Foi legal a gente conhecer as várias espécies de abelhas do Brasil. Inclusive o fato de que as que são nativas não têm ferrão. Isso eu não sabia, mas através da explicação, eu pude ver que a abelha que a gente conhece por ter ferrão não é uma nativa”, avalia. “Acho que todas as apresentações tiveram explicações muito boas, porque realmente deu para perceber que eles tiveram incentivo de pesquisar e saber sobre a importância dos projetos deles, principalmente das plantas que estão em risco de extinção”.



Texto: Mylena Moura, estagiária de jornalismo, sob a supervisão de Alessandra de Carvalho, docente do curso de jornalismo
Imagens: Mylena Moura e Luan Cezário, estudantes de jornalismo
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