Diversas experiências de movimentos sociais, organizações e pesquisadoras, têm crescentemente demonstrado como a existência de conflitos ambientais decorrentes da instalação de grandes projetos de desenvolvimento gera, por um lado, um processo de expropriação de territórios e de alteração negativa de modos de vida de quilombolas, comunidades tradicionais, agricultores e povos indígenas, e por outro, implicações diferenciadas para as mulheres, em especial, mulheres negras, indígenas e camponesas. A sobrecarga de trabalhos domésticos e com os cuidados das famílias, a violação e a exploração dos corpos de mulheres e meninas, a negação das mulheres como sujeitos políticos demonstram como as desigualdades de gênero, raça e classe são reforçadas por estes tipos de investimentos, bem como impõem a perspectiva universalizante, eurocêntrica e individualista de “gênero” nas comunidades. Ao mesmo tempo, em contextos de expansão da fronteira do capitalismo extrativista, as mulheres atingidas e ameaçadas se articulam em torno de projetos centrados na circulação e defesa da vida, do corpo, do território e da natureza e à crítica aos processos de desenvolvimento capitalista colonial, racista, homofóbico e patriarcal. Assim, buscamos refletir sobre a lógica de instalação dos megaprojetos de desenvolvimento em diversas localidades brasileiras; os impactos diferenciados que causam na vida de mulheres e como essas mulheres vivenciam os conflitos; e os processos de resistência a partir da agroecologia, da noção de mulheres atingidas e dos feminismos comunitários, territoriais e popular camponês.
Público Alvo
Público Interno: Docentes, discentes e técnicos dos cursos de graduação e de pós-graduação da UFRRJ;
Público Externo: Representantes de organizações e movimentos sociais.