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LINHAS EM TEAR: grifos de interseccionalidades em um Clube de Leitura

Acreditando que “as histórias estão no cerne daquilo que dizem os exploradores e os romancistas acerca das regiões estranhas do mundo” e que, por essa razão, “elas também se tornam o método usado pelos povos colonizados para afirmar sua identidade e a existência de uma história própria deles” (Said, 2011), a presente proposta busca, pela autobiografia e pela ficciorrealidade, propor o uso de narrativas literárias e do incentivo às produções autorais, como instrumentos metodológicos para debates e reflexões críticas e interventivas sobre questões de gênero, raça/etnia, classe e sexualidade no processo formativo. Dessa forma, além de reflexões acerca da importância das narrativas literárias previamente selecionadas e trabalhadas no clube de leitura, pretende-se fomentar que as produções finais dos participantes do clube de leitura possam contribuir para a crítica sobre a própria formação de cada estudante.


Para além do exposto, busca-se refletir sobre a importância de se questionar o ambiente acadêmico como um lugar de reprodução de discursos hegemônicos. Nesse sentido, com a proposta de um curso de extensão, partimos do conceito de Freire (2021), na direção de não se ter, na prática extensionista, uma transmissão de conhecimento para a comunidade, mas, sim, o constante diálogo em que todos os agentes, sociedade e universidade, possam pensar e propor dinâmicas com a mesma prioridade e importância. Para tal, o curso também se propõe a partir do diálogo com bell hooks (2013) e do que a autora traz, na introdução do seu texto, sobre a necessidade e as potencialidades que o entusiasmo traz ao ensino e que devemos “discutir o papel do entusiasmo no ensino superior” (hooks, 2013). Ainda segundo a autora, é necessário pensar práticas pedagógicas que valorizem e considerem as particularidades individuais de cada aluno, fazendo com que o interesse nos debates em sala de aula seja entusiasmado, ansiado, algo que só é possível a partir do “nosso interesse uns pelos outros, por ouvir a voz uns dos outros, por reconhecer a presença uns dos outros” (hooks, 2013); algo também possível, nesse sentido, a partir do uso da autobiografia e das narrativas literárias subalternizadas em sala de aula.


Espera-se, por fim, com o Curso possa viabilizar o reconhecimento da Educação como um caminho amplo e forte para a construção de movimentos contra-hegemônicos, e que fomente uma formação crítica, reflexiva e questionadora. E que possamos ter, na Literatura, um instrumento reflexivo e também metodológico capaz de fomentar uma formação que questione as naturalizações impostas pelos discursos hegemônicos e, com isso, fazer emergir as vozes subalternas que são constantes, diária e historicamente silenciadas pelo processo colonizador/imperialista, em grifos que sejam, cada vez mais, nossos…

Pela proposta, o Curso então estabeleceu, como público-alvo, discentes matriculados em cursos de graduação na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), prioritariamente, além de outros graduandos de instituições outras. A delimitação se justifica para a reflexão do processo formativo e de novas metodologias possíveis de ensino e de aprendizagem na graduação, sendo, para tanto, ofertadas 20 vagas, sem limite de período, justamente para se manter a ideia de um clube de leitura, em que todos os participantes sejam capazes de expor suas ideias e interpretações do texto de maneira fluída; nesse mesmo sentido, acreditamos que ao não limitarmos o período, deixando que discentes dos primeiros aos últimos períodos participem, aumentamos as possibilidades de um debate mais diverso entre o grupo.

Ciências Humanas
UFRRJ
A Distância
Período: 06/05/2025 à 22/05/2025
Vagas: 20
Carga Horária: 30
Inscrição: 24/04/2025 à 03/05/2025