Nossa História

A história da Seção de Anatomia Patológica do Instituto de Biologia Animal (IBA), do Ministério da Agricultura (MA)

A Seção de Anatomia Patológica (SAP) fêz parte do Instituto de Biologia Animal (IBA). Esse Instituto era o único Instituto Federal do Ministério da Agricultura, responsável para todo o Brasil, nas áreas de diagnóstico de doenças de animais de produção, pesquisa, produção de vacinas e antígenos, e para o registro de produtos farmacêuticos no campo da veterinária.

As incumbências da Seção de Anatomia Patológica era o atendimento de solicitações por fazendeiros, colegas e autoridades para o diagnóstico de mortandades em animais de produção, através de viagens às diversas regiões do Brasil, com exames dos rebanhos e, principalmente, a realização de necropsias complementadas por exames histopatológicos, e caso necessário, pelo encaminhamento de material para exames bacteriológicos, virológicos, parasitológicos, químicos e de outra natureza para as respectivas seções do IBA. A Seção de Anatomia Patológica (SAP) recebia também animais mortos de áreas próximas ao IBA para necropsia e muito material fixado em formol para exames histopatológicos enviado por colegas de todo Brasil.

Nessas atividades dois assuntos se destacaram por falta de dados para o diagnóstico de enfermidades de animais de produção no país. Daí surgiram dois projetos de pesquisa desenvolvidos por JÜRGEN DÖBEREINER e CARLOS HUBINGER TOKARNIA, que prevaleceram durante suas atividades nos últimos 60 anos, que são da maior importância na patologia animal no Brasil: Doenças causadas por Deficiências Minerais e Doenças causadas por Plantas Tóxicas.

Há diversos livros guardados no SAP, que permitem rever as atividades realizadas pela Seção de Anatomia Patológica. Em uma série de livros, intitulada REGISTRO DE MATERIAL, verifica-se que a entrada do primeiro material (no 1) foi em 1933, com assinatura provável de VIOLANTINO DOS SANTOS. Nestes livros de REGISTRO DE MATERIAL estão registrados em ordem cronológica todos os materiais que foram processados para exame histopatológico, isto é, fragmentos de órgãos coletados durante necropsias realizadas pelos veterinários do SAP no decorrer de trabalhos de diagnóstico ou de pesquisa, ou de fragmentos de órgãos fixados em formol enviados por veterinários de todo Brasil. Este REGISTRO DE MATERIAL continua até hoje, e em 17.9.2014 estava com o número 32.973.

Na série de livros intitulada LAUDO DE NECROPSIAS, os achados das necropsias, realizadas pelos veterinários do SAP foram registrados em formulários. Esta série foi iniciada (no.1) em 1939 por PAULO DACORSO FILHO e segue até o n. 633 em 18.1.1952.

Por fim há uma série de livros intitulada RELATÓRIOS, iniciada em 1940 (com o no. 1/40), por PAULO DACORSO FILHO. Esta série inicialmente serviu para as descrições histológicas do material que consta nos livros de REGISTRO DE MATERIAL, mas a partir de 1946 mudou de finalidade. Não constam mais descrições histológicas, mas os principais dados relativos às necropsias realizadas no SAP, sem a descrição histológica. Esses RELATÓRIOS foram realizados até 1958 (último relatório 21/58). Não encontramos registro das necropsias realizadas no período após 1958 a 1964. A partir de 1964 o registro dos dados referentes às necropsias realizados pelos veterinários do SAP foi retomado, de maneira semelhante como realizado no período de 1946 a 1958.

O IBA foi criado em 1933 e era localizado no bairro Maracanã, na cidade do Rio de Janeiro. Em 1952, sob a direção do então diretor, Dr. SILVIO TORRES; o IBA foi transferido para a área do Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas (CNEPA), na época município de Itaguaí, RJ, ocupando prédio que era inicialmente destinado ao Instituto do Óleo do Departamento de Produção Vegetal do MA, cujos funcionários se recusaram a se mudar do Rio para a então longínqua área localizada no KM 47 da antiga estrada Rio-São Paulo.

Pelo que sabemos, o primeiro Chefe do Seção de Anatomia Patológica do IBA, foi VIOLANTINO DOS SANTOS, depois PAULO DACORSO FILHO, seguido por JEFFERSON ANDRADE DOS SANTOS e finalmente JÜRGEN DÖBEREINER.

Todos, além das atribuições acima especificadas (necropsias e exames histopatológicos), realizaram pesquisas no campo da Patologia Animal, com publicação de trabalhos, e contribuíram para a formação de um MUSEU recém-reorganizado e atualizado em 2008 nas novas instalações, pela Profa. MARILENE FARIAS BRITO que hoje serve para o ensino do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural do Rio Janeiro (UFRRJ), e conta com cerca de 700 peças. Em 1963 o IBA, teve sua área de atuação restrita à região Sudeste, dentro do Instituto de Pesquisas Agropecuárias da Região Sudeste (IPEACS).

Em 1976, com a criação da Embrapa, o IBA deixou de existir oficialmente. Uma parte do pessoal técnico e auxiliar optou por ingressar na Embrapa e ficou nas instalações do Instituto que continuou a funcionar em condições precárias e provisórias sob sucessivas denominações (UAPNPSA, UPSA, NPSA). Outros foram transferidos para outras entidades da Embrapa pelo Brasil. Os que não optaram pela Embrapa, foram transferidos para diversos órgãos ou serviços do MA.

No início da década de 1980 a Embrapa firmou um Convênio com a UFRRJ, denominado Projeto Sanidade Animal Embrapa/UFRRJ, e Professores e pessoal técnico da UFRRJ vieram para as instalações do ex-IBA.

Em 2008 parte do Setor de Anatomia Patológica (o Laboratório de Histopatologia, as disciplinas de histopatologia Geral e Histopatologia Especial, a Anatomia Patológica Especial – parte teórica e as disciplinas da área de Patologia do Curso de Pós-Graduação em Medicina Veterinária)  do Instituto de Veterinária da UFRRJ, que até então funcionava nas dependências do prédio principal do Instituto de Veterinária, se transferiu para as instalações do ex-IBA.

Com o passar do tempo os últimos funcionários da Embrapa que ainda executavam serviços no ex-IBA foram transferidos para outras entidades da Embrapa ou se aposentaram; o último foi o Dr. JÜRGEN DÖBEREINER, em 2010.  Os diversos setores do ex-IBA, então já sem funcionários da Embrapa, passaram a fazer parte do Instituto de Veterinária da UFRRJ.  Em 2015 o restante do Setor de Anatomia Patológica do Instituto de Veterinária da UFRRJ será transferido definitivamente para o ex-IBA.

CARLOS HUBINGER TOKARNIA

JÜRGEN DÖBEREINER

Postado em 10/12/2014 - 15:58 - Atualizado em 05/05/2022 - 14:54

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