Jardim Botânico recebe espécie sagrada para religiões de matriz africana

Akoko é celebrada no Jardim Botânico. Foto: Mylena Moura

No último dia 10 de abril, aconteceu o II Colóquio Sișo Itan Ati Akoko, evento de combate ao racismo religioso idealizado pelo EtnoPET (Programa de Educação Tutorial)  e apoiado pelo Jardim Botânico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (JB-UFRRJ). Depois do encontro no Salão Azul do prédio principal, onde foi realizada uma mesa-redonda sobre a representatividade e luta dentro do espaço acadêmico, os participantes formaram um cortejo em direção ao JB para o plantio da Akoko (Newbouldia laevis), espécie sagrada para as religiões de matriz africana.

O coordenador e vice-coordenador do Jardim Botânico, Marcelo Souza e Rodolfo Abreu, respectivamente, posicionaram a muda para o plantio. Em seguida, todos participaram do momento, cobrindo as raízes da espécie com terra. A Akoko é uma das árvores mais sagradas do culto aos deuses africanos e também é usada para diversos fins que vão além da espiritualidade. Remete a valores de prosperidade, proteção espiritual e força ancestral.

“Plantamos essa árvore em um lugar adequado, a ideia é que ela fique gigantesca e que ela faça uma sombra. E perto dela, então, [tem] outros exemplares sagrados, o bambu e o benzedeiro que já estavam aí”, explica o tutor do EtnoPET, o professor Alexandre Monteiro. O grupo também aproveitou para contemplar o crescimento do Iroko, que foi plantado em 2022.  Além disso, colocaram um laço branco na árvore, que representa “a morada da ancestralidade” para as religiões de matriz africana.

Professores Marcelo Souza e Rodolfo Abreu posicionam a muda da Akoko. Foto: Mylena Moura

Abril Verde

O colóquio também fez parte da agenda do Abril Verde, iniciativa da Deputada Estadual Renata Souza (PSOL) dedicada à promoção de ações de combate, prevenção e conscientização sobre racismo religioso no Estado do Rio de Janeiro. A parlamentar, que também esteve presente na primeira edição, celebrou o evento que reafirma o respeito e a diversidade na sociedade. “Fiz questão de estar no segundo colóquio, mesmo com a minha filha pequena, porque eu entendo que a universidade tem que estar aberta também”, comentou Renata, que é mãe de Rubi, de sete meses de vida. 

A parlamentar aproveitou para destacar a importância do evento: “A gente sabe que esse racismo vem exatamente diante da ignorância, do desconhecimento sobre as religiões de matriz africana. Então, a universidade, que é esse espaço de produção do saber, do conhecimento, de produção científica, precisa conhecer a nossa ancestralidade africana e garantir que, por exemplo, o Jardim Botânico, receba essas árvores sagradas”.

Renata Souza aponta para a Iroko, plantada em 2022. Foto: Mylena Moura

Mesa de conversa, próximo plantio e organizadores

Traduzido do yorubá para o português, o nome do colóquio significa “Contando a história do tempo. Na mesa-redonda, os participantes refletiram sobre a importância do encontro, além de questões sobre racismo religioso e ancestralidade. Durante a conversa, ainda, foi anunciada a intenção do plantio de mais uma espécie sagrada em uma próxima edição, o Baobá (Adansonia digitata).

O colóquio foi idealizado pelo EtnoPET, Programa de Educação Tutorial da UFRRJ, que desenvolve trabalho conjunto com povos tradicionais, caiçaras, indígenas, povos de terreiros e movimentos sociais organizados. Participaram da atividade vários grupos e representantes da sociedade, entre eles, o Núcleo Estudantil de Comunidades Tradicionais de Matrizes Africanas (Nemafro) da Rural, o Ilê Asé Omi Gbonã, coletivo de Seropédica e o Coletivo Mulheres de Axé do Brasil.

Ao centro, Renata Souza; ao seu lado Marcelo Souza. Foto: Caio Azevedo
Plateia atenta à mesa do Colóquio. Foto: Caio Azevedo

Texto e imagens: Caio Azevedo e Mylena Moura, estagiários de jornalismo, sob orientação da professora Alessandra de Carvalho 

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