A iniciativa visa a conservação de espécies da Mata Atlântica ameaçadas de extinção, com foco na produção de mudas adaptadas às condições de luminosidade e comportamento em campo.

O Brasil, conhecido por sua vasta biodiversidade, abriga a Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos e ameaçados do planeta. Com o aumento da degradação ambiental e o desmatamento, espécies arbóreas, fundamentais para o equilíbrio ecológico, estão ameaçadas de desaparecer. Nesse cenário, o projeto “Produção de mudas de espécies arbóreas ameaçadas de extinção em condições de luminosidade e comportamento em campo”, desenvolvido no Jardim Botânico da UFRRJ (JB-UFRRJ), se destaca como uma iniciativa promissora para a conservação de espécies raras e vitais para a saúde ambiental do país.
O projeto é realizado em parceria com a Reserva Ecológica do Guapiaçu (Regua) e o JB-UFRRJ, liderado pelo professor Paulo Sérgio Santos Leles, do Departamento de Silvicultura da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O objetivo principal é produzir mudas de espécies ameaçadas, como Dendropanax langsdorfii (sem nome popular) e Apuleia leiocarpa (conhecida popularmente como Grápia, ou Garapa), em condições controladas de luminosidade, visando seu replantio em áreas de conservação e a formação de pomares de sementes.

A escolha dessas espécies não é aleatória. Ambas são nativas da Mata Atlântica e possuem uma alta vulnerabilidade de extinção, com matrizes localizadas nas florestas da Regua. “Das 35 espécies inicialmente listadas, só conseguimos sementes de duas. Muitas espécies ameaçadas têm ciclos reprodutivos complexos e dependem de condições climáticas específicas, que estão cada vez mais imprevisíveis devido às mudanças no clima. Com grandes ondas de calor e diminuição de chuvas, não frutificaram e, assim, não obtivemos sementes”, relata o professor. Além disso, o tempo necessário para produzir mudas de qualidade pode ultrapassar oito meses, exigindo paciência e dedicação.
Um dos aspectos inovadores do projeto é o estudo do efeito da luminosidade no crescimento das mudas. Em florestas tropicais, a luz solar tem um papel importante no processo fotossintético das plantas. Quando ocorre a queda de árvores, se cria uma clareira que permite a entrada de luz, favorecendo o crescimento de espécies pioneiras. Já as espécies clímax, como as estudadas neste projeto, não se adaptam bem à luz intensa e necessitam de condições sombreadas para desenvolvimento adequado.

O estudante de Engenharia Florestal Diego Costa, bolsista de iniciação científica do Proverde em 2024, compartilha sua motivação para participar do projeto. “Sempre tive paixão pela natureza, e poder contribuir para a conservação de espécies ameaçadas é uma realização profissional e pessoal”, afirma. Ele destaca que as mudas cultivadas sob sombra têm apresentado melhor desenvolvimento em comparação com as expostas ao sol pleno, reforçando a importância do estudo das condições ideais de crescimento.
Além de Dendropanax langsdorfii e Apuleia leiocarpa, o projeto também trabalha com outras espécies ameaçadas listadas no quadro a seguir.
| Nome científico | Nome popular |
| Dalbergia nigra | Jacarandá-da-Bahia, Jacarandá-preto, Caviúna |
| Tabebuia cassinoides | Caxeta, Pau-de-tamanco |
| Chrysophyllum imperiale | Guapeva-imperial, Árvore do Imperador, Marmeleiro-do-mato, Fruta-do-imperador, |
| Cariniana ianeirensis | Jequitibá-açú |
| Eugênia villaenovae | Grumixama de folha larga, Cereja do Rio de Janeiro. |
| Zeyheria tuberculosa | Ipê-felpudo, Ipê-tabaco, Bucho-de-boi |
| Cedrela fissilis | Cedro-rosa |
| Plínia edulis | Cambucá, Cambucá-verdadeiro |
| Cupania fluminensis | Camboatá |
| Euterpe edulis | Palmito-juçara, Juçara |
| Pradosia kuhlmannii | Buranhém, Casca-doce |
| Virola bicuyba | Bicuíba, Bocuva |
Essas espécies desempenham função ecológica para a atração de dispersores de sementes, incluindo pássaros e morcegos, que são essenciais para a regeneração das florestas. “Ao produzir mudas de alta qualidade, podemos formar povoamentos de conservação ex-situ, como pomares de sementes, e enriquecer áreas degradadas”, explica Leles. O projeto também pretende criar um catálogo com informações detalhadas sobre essas espécies, facilitando o acesso de estudantes e pesquisadores a dados relevantes.



Texto: Jonathan Monteiro – estagiário de Jornalismo (2024), sob a supervisão de Alessandra de Carvalho, docente do curso de jornalismo.
Imagens: Diego Costa/Acervo do Projeto
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