Bolsista do Proverde pesquisa a incidência de abelhas solitárias no Jardim Botânico da UFRRJ

No ano de 2023, o estudante Rodney Pereira foi um dos bolsistas que teve o apoio do Programa de Iniciação Científica do Jardim Botânico (Proverde) para realizar seu trabalho. Com orientação do professor do Departamento de Ciências Ambientais, Jarbas Queiroz, Rodney trabalhou no projeto “Mais flor, por favor: ecologia e conservação das relações planta-insetos polinizadores”, e buscou entender a incidência de abelhas solitárias no Jardim Botânico, já que esses insetos são os maiores polinizadores do planeta¹ . 

O bolsista optou por estudar um tipo de abelha que é pouco conhecida no senso comum: a abelha solitária². “A minha pesquisa parte exatamente disso, das pessoas acharem que é uma pergunta boba, entendeu? Não é! As abelhas solitárias são pouco conhecidas mesmo, normalmente as pessoas acham que só existe um tipo de abelha, então eu mostro  o que é diferente: a abelha que não faz colméia, que é solitária”, explicou o pesquisador. Essas abelhas, em específico, colocam os ovos em algumas cavidades, botam o pólen, fecham a cavidade e depois saem. Dali nasce uma larva, que vai se alimentar desse pólen e quando sair já vai ser um novo adulto – solitário também – para fazer um novo ciclo, então não tem um contato da abelha mamãe (rainha) com uma prole. Ou seja, elas não vivem em colmeias. 

Para a pesquisa, o bolsista espalhou “armadilhas” pelo espaço do Jardim Botânico, com o objetivo de coletar o pólen das abelhas solitárias e analisá-lo. As armadilhas eram feitas com canudos de cartolina contendo restos de algum animal. Os insetos colocam o ovo e o alimento (pólen), e fecham o buraco. Dali, já sai um adulto. 

O resultado foi diferente do esperado. “Vieram muitas vespas, mas não vimos nenhuma abelha”, contou o pesquisador, que começou a buscar os motivos disso ter acontecido. Ele explica que muitos fatores podem ter influenciado, como a época do ano, a localização e até o tipo da madeira utilizada para fazer a armadilha. “A vespa é mais agressiva do que a abelha, então elas não vão ter tanta cautela. As armadilhas para abelhas exigem características muito específicas, como o tamanho do orifício, o tipo de madeira, se ela está envelhecida…”, explicou. O mesmo resultado aconteceu em uma investigação realizada na Universidad Veracruzana, no México: o pesquisador também não identificou nenhuma abelha na armadilha. Agora, os estudiosos vão se unir para discutir esse resultado. 

Lidar com o resultado que não atendeu às expectativas foi o maior desafio do estudante. “Conforme as vespas foram emergindo e não foi aparecendo nenhuma abelha, fiquei triste porque o material que eu ia analisar, que seria o grão de pólen, não estaria ali. A gente entende que, por mais que você siga a metodologia certinha, o resultado não vai sair como você espera, mas eu acho que essa foi a pior parte”, disse. 

Mas o desânimo durou pouco tempo. Durante a feira de divulgação do Proverde, na Semana do Ambiente de 2023, Rodney contou com a ajuda das estudantes Samira Silva e Cecília Albuquerque para criar uma dinâmica interativa para que os visitantes pudessem entender o projeto e brincar ao mesmo tempo. E o resultado não poderia ter sido melhor. As crianças ficaram empolgadas e pediram para assistir de novo e de novo. “O sentimento é de saber que estou fazendo uma coisa certa, tive essa percepção”, relatou.

A apresentação começava com um vídeo didático (The Beauty of Pollination), produzido pela Disney, que mostra como ocorre a polinização de abelhas, morcegos e outros animais. Após o vídeo, Rodney mostrou alguns dos animais do insetário para os visitantes conhecerem espécies diferentes, como a abelha grande, a preta, a amarela e até as abelhas sem ferrão que ficam no meliponário do JB (Oficina no Meliponário do JB-UFRRJ). Para finalizar, o bolsista criou uma atividade de caça ao pólen. Rodney colocou talco (representando o pólen, por causa do cheiro) e balas (representando o néctar, que é doce) dentro de caixas e as escondeu pelo Jardim. Com a turma dividida em dois grupos, os alunos deveriam procurar essas caixas para entregar à abelha-rainha, simulando uma polinização. 

Referências:

¹ O que é polinização? (EMBRAPA)

² Abelhas solitárias do Brasil (Abelhas.org)

Texto: Manuella Gimenez – estagiária de Jornalismo

Fotos: Lara Almeida – estagiária de Jornalismo

Supervisão: Alessandra de Carvalho – professora do curso de Jornalismo/UFRRJ

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