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Museu de Zoologia

ICBS - Campus Seropédica

História

Museu de Zoologia e UFRRJ: uma história em comum

No ano de 1910 foi fundada a Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária (ESAMV), vinculada ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio através do Decreto 8.319 de 20 de outubro de 1910, assinado pelo então presidente Nilo Peçanha. Neste momento, era criada a  4ª Cadeira da ESAMV, responsável por ministrar aulas de “Zoologia geral e systematica” para os cursos de Medicina Veterinária e Engenharia Agronômica. Essa cadeira deveria contar com laboratório de zoologia com coleções didáticas para “trabalhos práticos dos alunos, demonstrações e investigações do pessoal docente”. É neste momento que o atual acervo do Museu de Zoologia começa a se formar. Alguns animais da coleção datam da primeira década do século XX, como o tatu-galinha (1913), um dos animais mais antigos em exposição. 

Ficha de catalogação e registro do Tatú-galinha datada de 1913

Inicialmente, a ESAMV ficaria instalada no antigo Palácio do Duque de Saxe, no bairro do Maracanã, no Rio de Janeiro, no terreno onde hoje funciona a CEFET-RJ. No entanto, devido a necessidade de adequações do prédio, a ESAMV demorou a ser inaugurada de fato. Em 1913, foi realizado o concurso para professor da 4ª Cadeira e o Prof. Cândido Firmino de Mello Leitão Júnior (1886-1948) foi aprovado em primeiro lugar, tomando posse no mesmo ano e permanecendo na Instituição até 1939. No mesmo ano, a ESAMV foi inaugurada e, apesar de já contar com vários espécimes de animais taxidermizados, principalmente mamíferos (como a raposa-voadora, taíra e o macaco-verde), o laboratório de zoologia ainda carecia de coleções nacionais. Nessa época, algumas aves também já estavam presentes no acervo, como por exemplo, a garça-real-europeia e outras aves provenientes da França. 

Cândido Firmino de Mello Leitão, professor de Zoologia Geral e Systematica da ESAMV e ENA (1938)

Em 1915 a ESAMV foi extinta pela Lei 2.924 de 5 de janeiro. No ano seguinte a ESAMV é recriada e fundida com as Escolas Médias ou Teórico-Práticas de Pinheiro e da Bahia. Em 1 de junho de 1916 o Prof. Mello Leitão, um dos maiores zoólogos brasileiros, assumiu como Diretor da ESAMV, cargo que ocupou até 1919. Durante esse período, a Escola se localizava no município de Pinheiral, no interior do Estado do Rio de Janeiro. Posteriormente, em 1918, a ESAMV foi transferida para Niterói, onde permaneceu até 1927. Neste momento, um novo Regimento interno é aprovado e a disciplina de Zoologia geral e systematica passa a ser ministrada pela 6ª cadeira. Durante a permanência da ESAMV em Niterói, vários animais foram coletados, preparados e incorporados ao acervo. Entre eles, alguns peixes coletados em rios do interior do Estado do Rio de Janeiro. Esses indivíduos foram coletados e fixados pelo então preparador de peças, Clodoaldo Pereira Devoto. Além desses animais, Devoto também esteve envolvido com a taxidermia de diversos outros espécimes do acervo, como alguns mamíferos e aves e a coleta e fixação de uma grande quantidade de invertebrados marinhos coletados por ele mesmo nas praias de Niterói, dentre eles: moluscos, anelídeos e equinodermos. Sua contribuição para a coleção do Museu pode ser traçada desde 1913 até o final da década de 1940. 

Em 1927, o Decreto 17.776 determina a transferência do campus da ESAMV para um Palácio localizado na Av. Pasteur, 404, no bairro da Urca, na cidade do Rio de Janeiro. Naquele momento, o Palácio abrigava vários órgãos do Ministério da Agricultura e, atualmente, funciona como o Museu de Ciências da Terra.

Em 1934, o decreto 23.857 de 8 de fevereiro determina o desmembramento da ESAMV em três instituições. Uma delas seria a Escola Nacional de Agronomia (ENA), tendo a 8ª cadeira de Zoologia Agrícola. Nesse momento, surge, pela primeira vez, no Art.7 do seu regimento, a menção de que as cadeiras da ENA disporiam de museus, uma “instalação necessária para o ensino experimental e demonstrativo”. 

Trecho do regimento da Escola Nacional de Agronomia, anexo ao Decreto 23.857 de 8 de fevereiro de 1934, onde aparece, pela primeira vez, a palavra “museu”.

Em 1939, a ENA adquire para o Museu, uma valiosa coleção de ovos de aves coletados entre 1920 e 1938. A maioria dos ovos foram coletados no município de Dores do Indaiá, centro-oeste de Minas Gerais, possivelmente, pelos irmãos José Caetano Sobrinho e Antônio Caetano da Silva Guimarães Jr., os maiores coletores de ovos de aves brasileiras da época. Dentre eles, os mais antigos são ovos de gralha, datados de 1920. No final da década de 1930, outros animais que compõem o acervo do Museu até os dias de hoje foram adquiridos, como o macaco-de-cheiro, gato-mourisco, sagui-imperador e anhuma. Nesse mesmo ano a ENA passou a integrar o Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas (CNEPA). 

Trecho do Relatório sobre as atividades agrícolas do Brasil elaborado pelo Ministério da Agricultura e enviado ao presidente da República em 1939
Ficha de registro e catalogação mais antiga referente à coleção de ovos de aves do Museu de Zoologia

Estamos levando em consideração essa primeira menção à palavra “museu”, em 8 de fevereiro de 1934, como marco de fundação. Dessa forma, em 2024, o Museu de Zoologia completou 90 anos de existência. O professor Cândido Firmino de Mello Leitão Júnior e o preparador de Museus Clodoaldo Pereira Devoto foram os primeiros responsáveis pelo acervo do Museu de Zoologia nos seus primeiros anos. Portanto, este é um importante marco na história do Museu que desempenha, desde seu princípio, um papel formativo indispensável para o que viria a ser a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. 

Foto retirada do Boletim da Escola Nacional de Agronomia (1938) mostrando o Gabinete de Zoologia e, ao fundo, os armários com vários animais que ainda compõe o acervo do Museu de Zoologia da UFRRJ.
Logo comemorativa aos 90 anos do Museu de Zoologia da UFRRJ

Texto em atualização…

Nota: O projeto “Museu de Zoologia e UFRRJ: uma história em comum” foi desenvolvido pelo discente Thiago Ryan da Silva Mathias Lima, sob orientação do professor André Padua (DBA-ICBS). O discente recebeu uma bolsa proveniente do edital nº 17/2023 – Apoio Estratégico à Acervos e Coleções vinculados ao NAAC-PROEXT.

Agradecimentos: à coordenação e equipe do Centro de Memória da UFRRJ; ao Núcleo de Articulação de Acervos e Coleções (NAAC-PROEXT-UFRRJ), à equipe da Coordenadoria de Comunicação Social e Jornalismo (CCS) da UFRRJ

Bibliografia:

As Atividades Agrícolas do Brasil em 1939 : Ministério da Agricultura : Internet Archive. Disponível em: <https://archive.org/details/agro1939br>. 

BOLETIM DA ESCOLA NACIONAL DE AGRONOMIA (1938). Rio de Janeiro.

BRASIL. Lei nº 8.319, de 20 de outubro de 1910. Crêa o Ensino Agronomico e approva o respectivo regulamento. Diário Oficial, Rio de Janeiro, página 9139. 2 de novembro de 1910.

BRASIL. Lei nº 2.924, de 5 de janeiro de 1915. Extingue a Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária. Diário Oficial, Rio de Janeiro, página 197 v.1, 6 de janeiro de 1915.

BRASIL. Decreto nº 12.012, de 20 de março de 1916. Transfere as sédes da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinaria Escola Média ou Theorico-Pratica da Bahia e reune em um só os dois mencionados. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 20 de março de 1916.

BRASIL. Decreto nº 12.927, de 20 de março de 1918. Dá novo regulamento á Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinaria. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 20 de março de 1918.

BRASIL. Decreto nº 23.857, de 8 de fevereiro de 1934. Cria a Escola Nacional de Agronomia. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 15 de fevereiro de 1934. Seção 1, pág 3126.

Marini et al., (2023). Oological collections and egg collectors of Brazilian birds: an overview. Arquivos de Zoologia, 54(1): 1-14. 

OTRANTO, C. R. (2009). A autonomia universitaria no brasil: dadiva legal ou construçao coletiva?. Rio de Janeiro. UFRRJ.

UFRRJ (2019). História da UFRRJ. Disponível em: <https://institucional.ufrrj.br/ccs/historia-da-ufrrj/>.