Eixos Temáticos

Para atender de forma plena seus objetivos, conforme disposto no Regimento, o Centro de Estudos Avançados (CEA) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) apresenta sete Eixos Temáticos que orientam o trabalho e o conjunto das atividades desenvolvidas. Sem prejuízo de novos temas que possam ser incorporados, ou mesmo substituir os temas atuais, a proposta consiste em organizar os esforços relativos à produção e disseminação do conhecimento científico e acadêmico a partir de questões que nos parecem estratégicas, como pode ser observado a seguir.

Vale ressaltar que, em todos os eixos apresentados (e nos projetos e/ou grupos de pesquisa deles derivados), algumas condições básicas são fundamentais: a) a inter ou multidisciplinariedade dos temas, explorados a partir de diversas áreas do conhecimento que dialoguem entre si; b) a originalidade e os desafios de problemas na fronteira do conhecimento em pesquisas avançadas associadas aos diferentes eixos; c) a efetiva geração de novos conhecimentos nas áreas contempladas que possam ser relevantes e difundidos junto à comunidade acadêmica e à sociedade, de forma mais ampla; d) a formação de recursos humanos e quadros acadêmicos, sempre que possível.

São eles:

  1. Segurança Alimentar

Coordenador: Sérgio Pereira Leite

Adotando as perspectivas da soberania e segurança alimentar e nutricional e do direito humano à alimentação adequada e saudável, este eixo de trabalho está voltado para a análise das tendências dos sistemas alimentares nas últimas décadas no que se refere à produção, distribuição e consumo de alimentos, nas dimensões sociais, econômicas, ambientais, culturais e de saúde humana. Particular atenção é dada para questões e proposições em debate no âmbito internacional e no Brasil, com destaque para: (a) manifestações de desigualdade e iniquidades sociais presentes nos sistemas alimentares; (b) relações urbano-rurais nas questões alimentares; (c) impactos socioambientais dos modelos agrícolas; (d) conflitos territoriais no acesso à terra e à água; (e) sistema alimentar mundial e internacionalização do agronegócio; (f) reprodução da agricultura de base familiar e camponesa e emancipação das famílias rurais; (g) adoção de práticas agroecológicas, valorização da sociobiodiversidade e diversidade cultural; (h) transformação e processamento de produtos agroalimentares, cadeias de valor e questões de infraestrutura; (i) impactos das mudanças climáticas nos sistemas alimentares; (j) repercussões da má alimentação na saúde humana. Em todas as questões mencionadas se encontra o papel central do Estado e das políticas públicas, bem como a participação dos diferentes grupos sociais na formulação, implementação e monitoramento dessas políticas.

Assim, os projetos apoiados nesse eixo se notabilizam pelo diálogo inter e multidisciplinar envolvendo as ciências humanas, sociais, agronômicas, tecnológicas e naturais no interior da UFRRJ e com parceiros internacionais, bem como pela perspectiva multi-escalar para dar conta das questões nos diversos planos (local, territorial, nacional e global) e das inter-relações entre eles.

  1. Desenvolvimento sustentável

Coordenadora: Flávia Souza Rocha

O desenvolvimento sustentável é um conceito sistêmico de desenvolvimento global na qual a exploração dos recursos naturais baseia-se na premissa de que os mesmos são limitados e que, consequentemente, se forem utilizados de forma inconsequente e impensada, estarão esgotados para as gerações futuras. Dessa forma, o desenvolvimento sustentável é o princípio organizador para atingir as metas de desenvolvimento humano e, ao mesmo tempo, apoiar a capacidade dos sistemas naturais de fornecer os seus recursos e os serviços ecossistêmicos dos quais a economia e a sociedade dependem. Com base nessa lógica, o desenvolvimento sustentável é um desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender suas próprias necessidades.

O resultado desejado é que as diferentes sociedades humanas, em diferentes regiões do globo, possam ter suas necessidades de consumo e bem-estar atendidas, utilizando os recursos naturais para satisfazê-las, mas sem que este uso prejudique a integridade e a estabilidade dos sistemas naturais. Em 2015, a Organização das Nações Unidas, após reunião da Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, lançou a agenda 2030 e os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Esses documentos visam, em essência, decidir sobre os novos caminhos para o desenvolvimento global, melhorando a vida das pessoas em todos os lugares do planeta. Assim, as decisões tomadas pela Cúpula buscam determinar um novo curso das ações globais para acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar para todos, proteger os meio-ambiente e enfrentar as mudanças climáticas.

No Brasil, grande parte dos doutores (aproximadamente 80%), estão ligados às Universidades, em especial às Universidades Públicas. Estas instituições são responsáveis por mais de 90% da produção técnica e acadêmica do país, em todas as áreas do conhecimento, seja ele básico ou aplicado. Além disso, estas instituições desenvolvem programas e projetos de extensão que buscam comunicar e transferir para a sociedade o conhecimento produzido pela Universidade, de tal forma a influenciar e empoderar essa sociedade, permitindo que o conhecimento possa ser aplicado na sua realidade e nas mudanças necessárias ao seu desenvolvimento.

A proposta do presente eixo temático é a de criar subsídios para que a UFRRJ seja protagonista na produção de conhecimento nas áreas que envolvem sustentabilidade, sociobiodiversidade, meio ambiente e, em particular, na concretização dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável através de ações como: (i) realização de projetos e programas de pesquisa e extensão voltados para os ODS; (ii) agregar pesquisadores, nacionais e estrangeiros, de diferentes áreas e linhas em projetos e programas de pesquisa e extensão multidisciplinares; (iii) realização de eventos, seminários e cursos específicos para a aplicação dos ODS em diferentes escalas.

  1. Saúde Única

Coordenador: Carlos Alexandre Rey Matias

O conceito de saúde única, estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2007, compreende a interdependência entre as saúdes humana, animal e ambiental apontando para sua união indissociável em uma abordagem transdisciplinar que integre conhecimentos por meio de alianças e comunicações colaborativas na busca por soluções funcionais e duradouras para problemas existentes e/ou emergentes que afetam a saúde dos seres humanos, animais e dos ecossistemas.

Dentre as áreas alvo para a implementação de ações dentro de uma abordagem de saúde única estão a segurança alimentar, tanto no concernente ao controle das zoonoses de origem alimentar quanto a garantia de suficiência alimentar sustentável para populações humanas e animais; prevenção e controle das epidemias de doenças emergentes e reemergentes; implementação de sistemas dinâmicos de vigilância de doenças microbianas; medicina translacional com emprego de modelos animais para encontrar soluções para questões na saúde humana; preparação para desastres ambientais, incluindo os resultantes das atividades humanas negativas sobre o meio ambiente como a urbanização descontrolada e o desmatamento;  monitoramento e ações de controle da resistência antimicrobiana; adoção de programas de vacinação contra doenças zoonóticas em hospedeiros animais, de modo a reduzir seu impacto em populações humanas; integração dos aspectos epidemiológicos de natureza humana, veterinária e ambiental para identificar impulsionadores da emergência de doenças; produção de fármacos, incluindo aqueles de origem fitoterápica.

  1. Inovação

Coordenadora: Alessandra Cassol

A inovação é o fenômeno através do qual novos conhecimentos são incorporados na sociedade e no mercado, produzindo valor econômico, social e ambiental. A inovação se tornou central do crescimento e no desenvolvimento de países e regiões, ocupando lugar de destaque nas políticas públicas e no ambiente de negócios.

A universidade como instituição que realiza ensino, pesquisa e extensão desempenha um importante papel neste processo. A produção e disseminação de novos conhecimentos e a formação de recursos humanos qualificados são forças propulsoras da inovação.

Como já apontado acima, no caso brasileiro cerca de 80% dos doutores atuam nas universidades, principalmente as públicas, que abrigam a maior parte da infraestrutura e das competências científicas e tecnológicas do país. A política de inovação nacional tem portanto como premissa que as universidades devem, através da extensão, de atividades de transferência de tecnologia e apoio a criação de empresas, atuar de forma proativa para que os conhecimentos obtidos nas atividades de pesquisa se convertam em bem estar social e riqueza econômica.

Neste contexto as universidades vêm passando por um processo de intensa transformação que envolve a criação de organizações de gestão da interface entre as universidades e os atores externos (fundações de apoio institucional), escritórios de transferência de tecnologia, incubadoras de empresas e parques tecnológicos. Trata-se de um processo complexo que requer uma governança robusta e que possui nuances que ainda não foram estudadas em profundidade pela comunidade acadêmica.

A proposta desse eixo temático é a de criar subsídios para que essa discussão possa ser realizada na UFRRJ de forma plural, envolvendo suas diversas vozes e buscando consensos que possam ser construídos entre as diferentes áreas do conhecimento. As atividades serão desenvolvidas em três eixos: (i) a realização de estudos sobre os diferentes programas de pesquisa, extensão e inovação desenvolvidos na UFRRJ e em outras instituições; (ii) realização de seminários com convidados externos nacionais e internacionais de maneira a debater o estado da arte do que vem sendo praticado por instituições congêneres no Brasil e no mundo; (iii) realização de cursos específicos com professores convidados.

  1. Estado, Instituições e Políticas Públicas

Coordenadores: Pablo Ibañez e Rubia Wegner

O presente eixo temático privilegia questões alusivas à ação do Estado, por meio de políticas públicas específicas, bem como o contexto institucional no qual os programas governamentais estão ancorados. Numa abordagem ampla da ação pública e da ação governamental, problematizando o processo de elaboração, decisão, implementação e avaliação de políticas, estão previstas três dimensões que subsidiam a análise de políticas públicas: aquela relacionada ao contexto e ao arcabouço institucional vigente, ou à sua mudança (dimensão polity), outra relativa às negociações entre os diferentes atores envolvidos, às campanhas e à administração de interesses (dimensão politics) e, finalmente, uma última referida à dimensão instrumental dos programa governamentais, mecanismos empregados e efeitos ou resultados esperados (dimensão policy).

Além de uma linha de trabalho mais centrada na análise de políticas públicas, o eixo comporta, ainda, todo um conjunto de pesquisas e atividades focadas no Estado propriamente dito (inclusive nas instâncias dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário), nas interações com atores da sociedade civil, nas instituições vigentes, nos processos políticos, sociais e econômicos que informam as diferentes configurações assumidas, nos conflitos gerados, na administração pública, nas diferentes escalas governamentais e nas diversas arenas (consultivas, deliberativas, nacionais, internacionais, etc) que ancoram os mecanismos de participação e controle social.

Dessa forma os esforços já alcançados pela UFRRJ, nos seus diferentes setores e programas de pesquisa e pós-graduação, que envolvam uma atenção especial ao tema desse eixo estarão mobilizados para uma abordagem que incentive uma perspectiva transversal, interdisciplinar e multidimensional na análise de políticas públicas e da ação do Estado, inclusive os estudos destinados ao exame das transferências de programas operados no Brasil para outros países ou vice-versa, na importação de políticas implantadas e/ou desenhadas no exterior no contexto brasileiro.

  1. Inclusão Social e Direitos Humanos

Coordenadora: Gabriela Rizzo

O presente eixo de trabalho está diretamente relacionado com a produção da UFRRJ neste campo, através da existência de grupos de pesquisa e extensão com o objetivo de investigar e intervir nas condições de superação das desigualdades sociais para o desenvolvimento, através da inclusão e da garantia dos direitos. Portanto, tendo em vista a existência de grupos de pesquisa e de extensão no campo das ciências humanas e sociais cuja produção está consolidada, o espaço do CEA é garantidor de fortalecimento daqueles cuja excelência de seus objetos que se agrupam em torno da inclusão social, entendida como o conjunto de ações que garante a participação igualitária de todos na sociedade, independente da classe social, da condição física, da educação, do gênero, da orientação sexual, da etnia e outros elementos individuais que caracterizam grupos minoritários.

Além disso, em 2017 a UFRRJ firmou o Pacto Universitário pela Promoção do Respeito à Diversidade, da Cultura da Paz e dos Direitos Humanos (Ministério da Justiça e Cidadania e Ministério da Educação). Algo, evidentemente, relacionado com a inclusão, sobretudo no viés da garantia de direitos sociais construídos historicamente. Por outro lado, também uma base estratégica da Universidade para a consolidação da democracia. O Pacto estabelece a necessidade de inserção da Educação em Direitos Humanos em todos os níveis da educação superior, de forma multidisciplinar e transversal ao ensino, pesquisa e extensão, entendendo-se que se trata do conjunto de garantias e valores universais que visam garantir a dignidade humana, tendo em sua base o direito à vida, à liberdade de expressão de opinião e de religião, direito à saúde, à educação e ao trabalho.

Os objetivos desse eixo, portanto, devem estar associados ao compartilhamento de pesquisas e reflexões teórico-metodológicas, estimulando a formalização de redes já existentes e a criação de novas oportunidades para a melhora deste campo de conhecimento. Isso através de cursos, eventos, intercâmbios com mobilidade docente e discente. Em vista disso, concentramos esforços no sentido de divulgar os trabalhos por meio de publicações específicas, que reflitam o conhecimento acumulado sobre o tema, sua aderência às diferentes políticas públicas e à incorporação de tecnologias sociais adequadas.

  1. Cultura, Sociedade e Memória

Coordenador: Alexandre Fortes

Este eixo temático estrutura-se como catalisador de pesquisas na área de ciências humanas, estabelecendo-se como campo transversal no qual diferentes abordagens podem atravessar-se. Assim, o eixo permite desenvolver uma reflexão que ajude a promover iniciativas mais amplas sobre a cultura e a memória na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Cultura aqui deve ser entendida em sentido largo como a produção voltada para a sensibilidade. Portanto, através da cultura a humanidade pode desenvolver-se como um todo, completando o trabalho da Razão elaborado pela ciência e pela filosofia. Por isso, a aliança entre cultura, sociedade e educação é algo altamente desejável numa perspectiva emancipatória uma vez que ela favorece o pensamento crítico e a compreensão de mundo.

No que toca ao tema da memória, cabe destacar a importância do aspecto ético deste horizonte de pesquisa, pois a rememoração está intimamente ligada ao esquecimento, e a luta contra o esquecimento ao fim e ao cabo busca uma redenção do passado no presente. O imperativo ético da memória diz que conhecer o passado não significa voltar-se a algo “morto”. Trata-se, ao contrário, de projetar o futuro evitando os erros cometidos, fechando as feridas a fim de construir uma sociedade plural e rica em possibilidades.

Memória e cultura articulam-se plenamente na medida em estas não são o luxo do erudito, mas integram-se perfeitamente nos objetivos da Universidade Pública que consiste em criar um ambiente democrático para a livre circulação de ideias, devolvendo à sociedade a produção de conhecimento que tanto espera-se dela.

Desta forma, serão estimuladas pesquisas em perspectivas comparadas sobre cidadania; populações indígenas e afrodescendentes; desigualdades sociais; questão agrária, educação inclusiva e intercultural; experiências e estados ditatoriais; violações de direitos e opressões de gênero, raça e classe; memórias fraturadas, construídas e reconstruídas.

O eixo procurará estabelecer redes e convênios em funcionamento com pesquisadores e instituições da América Latina, Estados Unidos e Europa, frutos de intercâmbios e diálogos acadêmicos realizados graças à realização de projetos interinstitucionais, missões de pesquisas e eventos científicos. Em vista disso, concentraremos esforços no sentido de divulgar os trabalhos realizados por meio de publicações e alargar o alcance das atividades mediante filmagens de eventos, tradução dos sites dos programas de pós-graduação e dos grupos de pesquisa e de incentivo a projetos de extensão que contribuam para a divulgação científica.

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