Texto e fotos de Nicolas Teixeira – Aluno do curso e jornalismo UFRRJ
supervisão de Cecília Figueiredo – profa. do curso de jornalismo UFRRJ

Desde Setembro de 2016, a Feira da Agricultura Familiar (FAF) movimenta os corredores do Pavilhão Central (P1) da Universidade Federal do Rio de Janeiro nas manhãs das quartas-feiras. As barracas repletas de frutas, legumes e verduras chamam a atenção de quem passa pelo local, mas são somente uma parte das ações do Programa de Extensão da UFRRJ que trabalha pelo fortalecimento da agricultura familiar da região do entorno da Universidade. Em 3 anos de funcionamento a FAF mudou o cotidiano da Universidade e trouxe importantes transformações para todos que se envolvem direta e indiretamente com o projeto.
A feira é uma das principais ações do Programa de Extensão Universitária “Fortalecimento da Agricultura Familiar na Baixada Fluminense e Centro Sul do Estado do Rio de Janeiro” que foi criado em 2015 e que também realiza atividades nos campus do IM em Nova Iguaçu e do IT em Três Rios. O Programa é coordenado pelas professoras Anelise Dias e Nídia Majerowicz e tem o objetivo de diminuir a distância entre o alimento e o consumidor promovendo circuitos curtos de comercialização de produtos agrícolas e com isso valorizar o trabalho dos agricultores e agricultoras da região através da assistência técnica e do incentivo ao consumo de alimentos saudáveis e produzidos localmente.
Desde seu início, a organização do programa vem plantando sementes que estão produzindo bons frutos e experiências cheias de histórias representradas nos mais de 300 produtos que são expostos mensalmente na FAF. Durante os primeiros dois ano do Projeto o desafio foi consolidar o espaço da feira, firmar a parceria com os feirantes e fidelizar os consumidores e agora no terceiro ano a equipe se dedica à ampliar a clientela e diversificar a produção nos sítios e a oferta de produtos na feira. O engenheiro agrônomo Gabriel Mello é residente no projeto e parte da equipe de organização da feira, Gabriel destaca a importância do trabalho de assistência técnica no incentivo à diversificação da produção e afirma que a parceria com os agricultores deve ser forte e baseada em uma troca constante:
“A gente fez a proposta ‘adote uma cultura’ depois de identificar as culturas que estavam faltando na feira e que poderiam ser produzidas aqui em Seropédica. Eles abraçaram a ideia e começaram o plantio nas propriedades. Então, iniciamos uma capacitação, oferecendo um calendário de plantio dessas culturas. Sempre que é necessário a gente se disponibilizar para acompanhar a lavoura.”
Ainda Segundo Gabriel com a produção mais diversificada os feirantes ofertam mais variedades de produtos na feira ao mesmo tempo que se fortalecem através do enfoque agroecológico. A maior diversidade de produtos na feira também tem um impacto positivo no aumento das vendas. O reitor da UFRRJ, professor Ricardo Berbara, compra regularmente na feira desde 2017. Nesses 3 anos acompanhando o projeto de perto, prof. Berbara aponta para a importância da consolidação de iniciativas como essa dentro da universidade e avalia a Feira como um empreendimento exitoso.
“A gente percebe que aumentou a diversidade e a qualidade dos produtos. É muito importante não só porque facilita o acesso dos alunos a alimentos de qualidade, mas também por ajudar a agricultura familiar, que é essencial para o desenvolvimento da região.”
As palavras-chave para entender o sucesso da Feira da Agricultura Familiar da UFRRJ são organização e interdisciplinaridade. O Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar se estabelece a partir da parceria com diversas instituições e cursos através de projetos que compõem o programa de extensão universitária.
Na área da comunicação o Projeto de Comunicação e Conscientização produz conteúdos e informações sobre a Feira direcionados para as redes sociais com o objetivo de valorizar as histórias de vida e de trabalhos dos agricultores e agricultoras da Feira e trazer essas histórias para os consumidores da FAF. O projeto abre vagas de estágio para estudantes do curso de jornalismo que ficam responsáveis pela estrutura de comunicação da FAF. Você pode conferir o trabalho feito pela equipe em nosso Instagram.
O trabalho da assistência técnica oferecida aos agricultores é de grande importância para o sucesso do projeto. O suporte é feito em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio de Janeiro (EMATER), e ajudou a diversificar a plantação do Edson Carlos. Segundo Edson, no início do projeto ele só plantava e comercializava verduras e ervas medicinais, mas percebeu que precisava variar sua produção para aumentar as vendas. Sua realidade foi mudando aos poucos através da parceria e da assistência técnica do Projeto.
“Eu não plantava legumes por falta de conhecimento e orientação. Foi o acompanhamento deles e a orientação que me fizeram evoluir. Isso diversificou minha barraca e consequentemente meu lucro. Essa estrutura da feira com o agricultor é nota dez.”
Outro ponto fundamental do Projeto é o suporte contábil e pedagógico oferecido pela equipe. A contabilidade é feita através de relatórios de comercialização, chamados de romaneios, nos quais é possível visualizar a quantidade de produtos que são vendidos na feira e os preços. Segundo Gabriel esta estrutura de dados fornece informações para a equipe técnica do Projeto perceber qualquer dificuldade na venda de determinado produto. Gabriel ainda destaca a importância destas informações para organização do trabalho da assistência técnica.
O Programa de Extensão também tem uma parte formativa e educativa que busca trabalhar o senso de coletividade dos agricultores contribuíndo para a implementação de novas técnicas que servem para impulsionar a produção. São realizados encontros para debater temas como solidariedade, companheirismo e trabalho cooperativo, além do fortalecimento dos espaços de troca como as assembleias da Feria e os cursos de formação. A engenheira agrônoma Lívia Bilheiro, também é residente no Projeto desde 2017 e vem acompanhando de perto esta dimensão da organização dos feirantes, tanto que transformou estas discussões em sua pesquisa de Mestrado no Programa de Agricultura Orgânica – PPGAO. Para Lívia é importante trabalhar conjuntamente as questões técnicas pedagógicas:
“A gente trabalha o pedagógico da feira nas assembléias, trazendo reflexões sobre trabalho em equipe, até por que uma pessoa só não faz a feira. A gente também oferece oficinas e cursos de acordo com a demanda dos feirantes. Já tivemos curso de compostagem, irrigação, cultivo de citrus. Trazemos um especialista para ensinar sobre os assuntos”.
Apesar de ser muito urbanizada, a região metropolitana do Rio de Janeiro tem uma agricultura vibrante e diversa. agronegócio é responsável pela maioria dos alimentos que consumimos, mas atualmente a agricultura familiar corresponde a 70% dos alimentos que são consumidos na mesa dos brasileiros. Por isso é tão importante conhecer a origem dos produtos que consumimos, e claro, quem os produz. Conheça as pessoas que ajudam a levar comida fresca e de qualidade para a sua mesa.
(Clique nas imagens para conhece-los)
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