Palestra – Dr. José Carlos dos Anjos – “Para se reinserir os saberes locais em redes longas: saberes campesinos na descolonização guineense e cabo-verdiana”

O CPDA/UFRRJ convida a todos para a palestra

“Para se reinserir os saberes locais em redes longas: saberes campesinos na descolonização guineense e cabo-verdiana”

Com o Prof. Dr (UFRGS)

Data: 07/8/15

Hora: 09:30h

Local: Sexto andar do CPDA/UFRRJ

Aberta a todos, sem necessidade de inscrição prévia

Resumo:

A discussão em torno das possibilidades de transformação de uma etnofilosofia africana em filosofia acadêmica de pleno direito expõe uma profunda crise de representação intelectual africana. Algumas das expressões dessa crise se consolidaram como obras clássicas do chamado pós-colonialismo africano. A repercussão internacional do debate é sintomática do alinhamento dos principais nomes intelectuais africanos  com a crise pós-colonial da representação subalterna. Fecunda em denunciar o epistemicídio ela tem sido menos feliz em fazer o subalterno falar no interior do santuário acadêmico com peças de nome e voz própria. Deslocamento, tradução, hibridismo, interstícios têm sido os recorrentes termos de uma renúncia intelectual em falar da e para a subalternidade. O discurso pós-colonial emergiu se distanciando do essencialismo identitário do discurso anti-colonial. A aposta no hibridismo abre espaço para que o intelectual pós-colonial se situe e situe os personagens de suas narrativas nos interstícios. A demissão diante das possibilidades de se fazer ecoar  uma alteridade radical é um protocolo de suspeita em relação a qualquer tentativa de escavação de identidades originárias. A máquina acadêmica que produz as figuras do intelectual e do subalterno opera por desconexão entre porta-vozes e saberes locais de tal modo que os locais nunca falam senão sob tradução. A fala do subalterno que chega à universidade supõe-se que seja um texto contaminado pelos discursos acadêmicos ocidentais. Com essa disjunção se aprofunda a impotência diante do desafio de se pensar conceitualmente para além dos paradigmas ocidentais. Se tem sido adiada a possibilidade de uma filosofia acadêmica africana, o meu exercício, como cientista social  é menos o de seguir a exigência de uma atuação crítica sobre o corpus discursivo das tradições orais de modo a elevá-lo a condições epistêmicas comparáveis às ocidentais do que cotejar acontecimentos singulares em que as máximas populares são chamadas a atuar de modo a deslocar formações epistêmicas ocidentais. With the play their sources of new and varied platforms in the indian television there are numerous options for aspirants to choose their own fields and work upon the same. Gostaria de a partir de uma série de arquivos da revolução nacionalista guineense cabo-verdiana pensar a condições de possibilidade do acontecimento em que a história materialista dialética da sucessão dos modos de produção é deslocada pelo recurso  à máximas populares crioulas. Em 1966 Amílcar Cabral participou da conferência tricontinental de Havana e um discurso muito marcado por chavões marxistas pareceu por vezes intercortado por adágios populares. Mas é no seminário de quadros de 1966 que emerge que esse saber popular se transforma num corpus sistemático de sabedoria política como prática discursiva revolucionária. Quero refletir sobre esse acontecimento, o modo como adágios camponeses podem interromper o fluxo de um discurso e imprimir um deslocamento epistêmico. Incidindo sobre os três arquivos, a minha questão central é qual é o lugar e quais são os efeitos transruptivos das máximas populares nos discursos intelectuais nacionalistas cabo-verdianos.

Postado em 31/07/2015 - 14:18 - Atualizado em 29/06/2018 - 16:32