Pesquisa de docente da Psicologia propicia ligação homem-natureza

(Re)Conexões com o ambiente

 

Por Caroline Verly (*)

 

Quando o estresse da rotina, seja acadêmica ou cotidiana, torna difícil passar os dias mais tranquilamente por um longo período, ele acaba se tornando perigoso tanto para a mente quanto para o corpo. De acordo com um levantamento realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o estresse atinge cerca de 90% da população do mundo inteiro, configurando-se numa epidemia.

 

Contato com a natureza. Projeto desenvolve atividades no Jardim Botânico da UFRRJ

Diante de tantas situações estressantes, a necessidade de força e positividade para equilibrar as emoções e não sofrer com o problema se faz essencial. Valéria Marques, docente do curso de Psicologia da UFRRJ, lidera o projeto de pesquisa “Intervenções Assistidas Na Natureza: (Re)Conexões Homem-Ambiente Voltadas para o Bem-Estar”, que procura aproximar e vitalizar o aspecto rural da Universidade.

 

A pesquisa da professora começou no ano passado e é um desdobramento de outra, sobre intervenções assistidas por equinos, desenvolvida desde 2017. Valéria conta que a nova pesquisa surgiu da necessidade de repensar possibilidades e alternativas teórico-metodológicas que favorecessem a qualidade de vida e o bem-estar do ser humano. “Há muitos anos estudamos a relação entre razão e emoção na aprendizagem. Verificamos como o estresse intenso faz adoecer e prejudica o desenvolvimento”, disse.

 

“Nosso câmpus possui uma riqueza de estímulos que desperta espontaneamente a ligação homem-natureza”, destaca Valéria. O projeto oferece atividades que são desenvolvidas no Jardim Botânico, na forma de oficinas vivenciais. Estas se subdividem em atividades autodirigidas, nas quais o participante é convidado a explorar o ambiente de diferentes formas de modo independente, e em atividades dirigidas, onde o participante é convidado a encontros mediados pela estudante de Psicologia e bolsista de iniciação científica ProVerde, Jenifer Barros.

 

Além destas, também são oferecidas oficinas de sensibilização, que são abertas ou direcionadas a demandas específicas como, por exemplo, as educacionais – em parceria com o CAIC Paulo Dacorso Filho – e as terapêuticas, dirigidas aos estudantes da UFRRJ com quadro de ansiedade. De acordo com a Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos Graduandos das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), realizada pela Andifes em 2018, 87% dos alunos da Rural afirmaram que dificuldades emocionais têm interferido em sua vida acadêmica, e 68,3% deles afirmaram sofrer com ansiedade.

 

Oportunidades de interação

 

As atividades terapêuticas acontecem em encontros semanais com duas horas de duração, mediante inscrição prévia. No início do próximo semestre, um novo grupo será formado. Segundo Jenifer Barros, os mediadores das intervenções tendem a criar, para os participantes, oportunidades de uma interação com o meio que os retirem do lugar de observadores e os coloquem no lugar de agentes.

 

Para a professora Valéria, quando a pessoa estabelece uma relação de identidade com o lugar, ela assume um valor simbólico importante, em que a pessoa se sente mais confortável e segura para viver o momento presente e ampliar sua percepção e capacidade de elaboração de suas experiências. “O indivíduo se dá conta que o ser humano faz parte da natureza, assim como a natureza faz parte do ser humano. Só amamos o que conhecemos e, quando estamos saudáveis, não destruímos o que amamos”, disse.

 

Quanto aos resultados, a discente conta que ao final das intervenções recebem por parte dos participantes feedbacks que são positivos. “Não há, no lidar com o outro, uma fórmula que garanta o resultado exato esperado”, explicou. Contudo, Jenifer diz que o projeto tenta facilitar aos participantes vivências dentro dos eixos da pesquisa para que eles aumentem suas percepções e, como consequência, seus recursos para lidar com as situações do cotidiano.

 

Outro fator importante do projeto é o aspecto transdisciplinar, que possibilita a vivência em pesquisa com acadêmicos e docentes de outros cursos. “Isso propicia uma perspectiva ampla do trabalho do psicólogo e do seu papel social, além da interação com o meio que foca o bem-estar para além do ser humano, levando em consideração a relação com o todo para o estabelecimento de modos mais potentes de viveres”, completou Jenifer.

 

Para mais informações sobre o projeto, envie um e-mail para jbufrrj.reconexao@gmail.com

 

(*) Bolsista de jornalismo da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ)

Postado em 09/07/2019 - 10:48

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